A DEMOCRACIA DOS CUCOS



Imagine que um dos candidatos a primeiro-ministro sabendo que não teria a maioria absoluta, fazia uma coligação pré-eleitoral com os candidatos de uma lista de outro partido. Estes candidatos continuariam nas listas destes partidos para se aproveitarem dos votos dos seus eleitores, mas dias depois mudar-se-iam para o outro partido, que assim poderia contar com a maioria absoluta.

É óbvio que os candidatos traidores teriam excelentes argumentos para sugerirem que etária a agir em nome do interesse nacional. Arranjavam um mafarrico assustador e diriam que tudo fizeram para salvar o país do regresso do mafarrico. Quem criticaria os deputados do PCP se traíssem o seu partido para salvar o país do regresso do malvado do Passos Coelho.

Não, não seriam bandalhos oportunistas que se bandearam para terem poder e mais dinheiro, fizeram um grande sacrifício para nos salvar do Passos Coelho e das suas políticas antinacionais. Em vez de traidores, de bandalhos oportunistas, seriam promovidos a heróis nacionais porque com o seu voto salvavam a geringonça e o país.

O que diria o país deste golpe sujo em nome da democracia?

Recorde-se que em tempos António Gutierres ficou famoso pelo orçamento liminiano, um dos momentos mais ridículos de uma democracia que apesar de contar com um governo que estava a um deputado da maioria, acabou por cair porque o país foi conduzido a um pântano. É uma pena que Gutierres não tivesses os valores de alguns democratas que todos conhecemos, porque, infelizmente, o que não falta por aí são escroques disponíveis para venderem os seus eleitores. A troco de um tachinho melhor remunerado.