MUDAR

 



Os políticos gostam muito de prometer e anunciar mudanças, compreende-se, se um político quer substituir outro é natural que diga que vai mudar alguma coisa. E dizem sempre que a mudança é para melhor. Alguns, provavelmente por serem menos dotados de inteligência ou de bom senso até prometem o impossível.
Depois de ter ouvido um político prometer que iríamos ver paquetes no Guadiana e que se iria investir nua rede de autocarros elétricos para que os vila-realenses pudessem beneficiar das ofertas do mercado de trabalho dos Balurcos, chego a acreditar que um dia deste iremos assistira uma corria de porcos em bicicleta na Rua Teófilo Braga.
Mas voltemos à mudança para recordar que quando se promete mudar fica-se inibido de justificar aquilo que se faz e que pode ser condenável, justificando-se com o passado. A lei é que está publicada no Diário da República e não a que resulta de práticas passadas e muito menos as que sugerimos que são condenáveis.
Na Inglaterra não há uma constituição, ali vigora a tradição, o direito consuetudinário, mas por cá não é assim. Se mesmo com lei temos pouca-vergonha por todo o lado, imagine-se se. Partir de agora as balizas dos comportamentos dos políticos em quem votamos passam a ser os comportamentos no passado.
Se um político prometeu mudar não pode sugerir que tem direito a fazer o que quer sugerindo que tal terá sucedido no passado. Antes pelo contrário, terá de provar que mudou, isto é, que faz o contrário. Se antes alguém contratou a família do promotor do autarca (o que não terá sucedido) agora prova-se que tal deixou de suceder. Se no passado alguém contatou advogados banidos agora contratam-se juristas competentes e por concurso. Se dantes alguém contratou familiares sem habilitações para adjunto, agora contratam-se adjuntos que sabem o que fazem e que não tenham a fama de andar. Ameaçar pessoas. Se dantes as contratações eram escondidas, agora deverão ser transparentes, feitas por concurso para dar oportunidade a todos e não a uma seita partidária e mobilizando os melhores e não os inúteis e de honestidade duvidosa.
É importante mudar, mas se é para mudar para pior ou mesmo para muito pior, é natural que tenhamos de concluir que a palavra mudar em vez de gerar democracia, passa a gerar modelos de gestão política ao estilo de Vladimir Putin.
Estamos certos dos que se arvoraram em representantes dos valores de Mário Soares saberão respeitar as promessas que fizeram, bem como os valores que dizem respeitar.