VOLUNTARIADO OU OPORTUNISMO?


É frequente vermos acções de voluntariado nas nossas praias e costas, o que traduz uma  crescente preocupação ambiental por parte dos cidadãos. Em regra, estas operações dirigem-se a zonas selvagens e são promovidas por organizações da sociedade civil, que não têm responsabilidades directas na limpeza ou protecção destas zonas. Com estas iniciativas contribui-se para a protecção da natureza

O que não é nada habitual é vermos uma Câmara Municipal assumir estas iniciativas e muito menos para limpar zonas de praia exploradas com base em concessões. Não porque se deixem essas zonas entregue a empresas que exploram apoios de praia, mas porque nessas zonas há responsabilidades. Por um lado os concessionários têm responsabilidades na zona do areal onde estalam os seus equipamentos, por outro porque a autarquia tem competências e recursos.

Se a autarquia tem equipamentos, recursos humanos e um contrato com uma empresa de limpeza – a Ecoambiente – porque motivo recorre a este estratagema para conseguir mão-de-obra gratuita? Poder-se-ia, eventualmente aceitar que tal sucedesse a mio do inverno, mas logo após o termo da zona balnear? Isto faz lembrar o dia do trabalho nacional de 1975, por este andar a Dra. Conceição Cabrita ainda vai apelar a voluntários para lavar a Rua Teófilo Braga, oferecendo as escovas esfregões para lavarmos a sujidade que há em frente de alguns vendedores de gelados que não se preocupam muito com questões de higiene pública.

A iniciativa promovida pela Presidente da autarquia é puro oportunismo político e visa matar dois coelhos com uma cajadada, com a popularidade em queda abrupta e em risco de ter de regressar ao estatuto de professora e com uma empresa de limpeza que pouco ou nada limpa, a autarca recorre a esta manobra para se fazer fotografar e ser notícia no pasquim do quarteirão ao lado do seu gabinete ou no jornaleco do Baixo Guadiana, ao mesmo tempo que poupa uns euros a uma autarquia depauperada e sem recursos financeiros.

É óbvio que não faltarão “voluntários”, funcionários da autarquia da SGU e familiares, avençados e subsidio-dependente, empresários empenhados, não falta que sinta um ímpeto voluntarista para esta iniciativa oportunismo. Esperemos que ganhem o gosto pelo voluntariado, talvez um dia destes percebam que é a Câmara Municipal que está a precisar de ser higienizada e desparasitada.