FAZEDORES DE EMPREGO



Talvez inspirada nesta música do álbum Campolide (*), desde há muito que a autarquia de Vila Real de Santo António se tornou numa verdadeira agência de emprego controlada pelo duo São e Luís.

Há cerca de 12 anos no primeiro mandato do Luís Gomes a agência de emprego montada na autarquia permitiu a contratação de dezenas de pessoas para os quadros da Câmara.mas como tal se revelava insuficiente para responder aos compromissos eis que foram constituídas duas empresas municipais, a SGU e a SRU que permitiram a contratação de mais de 100 pessoas. Quando das eleições autárquicas de 2009 entre funcionários camarários, das empresas municipais e prestadores de serviços eram mais de mil as pessoas que dependiam directamente da autarquia e dos favores dos seus dirigentes, dai até uma maioria absolutíssima de mais de 70% foi uma pequeno passo!

Veio a crise e com ela a impossibilidade de fazer novas contratações e até de manter os empregos e contratos de prestação de serviços anteriormente efectuados. Mas a criatividade deste par maravilha não tardou em encontrar solução, O desemprego disparou, o governo de Sócrates criou os programas ocupacionais para maquilhar os números do desemprego e saiu o totoloto à autarquia - podia continuar a fazer de conta que dava emprego, gastava menos dinheiro porque o governo pagava e conseguia distribuir o bodo por mais pobres. A máquina repugnante que transforma a miséria dos vilarealenses em votos no par maravilha estava de novo lubrificada.

A emigração não conseguia compensar a destruição de emprego e Passos precisou de maquilhar as estatísticas do desemprego,  com os programas ocupacionais em 2012 e 2013 o número de beneficiários cresceu e a Câmara de VRSA directa e indirectamente contratualizou mais de 500 pessoas em programas deste tipo o que permitiu chegar às eleições de 2013 numa posição confortável de domínio sobre uma enorme massa humana que precisava de emprego e não tinha como consegui-lo devido ao estado de empobrecimento que VRSA tem estado sujeito nas últimas décadas. Com estes números de empregos e falsos empregos geridos pela autarquia havia mais gente a depender da São e do Luís do que gá em Havana a depender do partido e do Estado tão admirados pelo nosso Luís, que levou dos mandatos presidenciais o grande desgosto de não ter conhecido o Fidel, uma grande ambição pessoal que chegou a revelar numa entrevista à comunicação social cubana.

O governo mudou, a "geringonça" baralhou o esquema pondo fim à vigarice estatística dos programas ocupacionais financiados pelo IEFP e pela Segurança Social, as eleições de 2017 aproximavam-se, o par maravilha enfrentou o dilema de ter de resolver o problema de continuar a fazer passar a ideia que as pessoas tinham empregos graças à Câmara?

À medida que os programas acabavam pedia-se aos beneficiários, sob a promessa de que estava a ser resolvido o problema para lhes ser feito um contrato de trabalho a termo, que fizessem voluntariado nos locais onde estavam a trabalhar e com isso ganhou-se um ou mais meses de trabalho escravo. A miséria humana é tanta que usando um truque miserável conseguiram alguns votos e ainda mantiveram gente em regime de trabalho escravo. Usar a vulnerabilidade de concidadãos para lhes condicionar as opiniões e ainda conseguir que trabalhassem seis meses em regime de falso voluntariado é algo que roça o indigno e inaceitável num Estado democrático e de direito.

Mas nas autarquias não há "trabalho voluntário", para isso servem as famosas ONG e foi uma ONG local a beneficiar deste "trabalho voluntário". O governo acabou com a falsidade estatística dos programas ocupacionais e os ideólogos da terra tiveram a brilhante ideia de manter a mentira, convertendo-o em "voluntariado" a troco de falsas promessas. E para executar esta ideia contou, naturalmente, com uma mão amiga, porque é para isso que servem as mãos amigas, mão pela qual já tinham passado 600 mil euros do negócio dos programas ocupacionais.

Terminado o acto eleitoral e não renovados os contratos a história repete-se. Os beneficiários são "convidados" a fazer trabalho voluntário até que se consiga fazer novos contratos, atribui-se um subsídio de 70 mil euros à Mão Amiga para paliar a situação e fazer alguns contratos, a autarquia continua a beneficiar do trabalho escravo e os nossos concidadãos e todos nós temos de nos sentir gratos pela esmola dada pela autarquia e gentilmente distribuída por uma mão amiga. É miserável, mas é mesmo assim.

Hoje, em VRSA, perante a passividade do IEFP, do ACT e da Segurança Social, nos armazéns da câmara, na "Casa do Avô", nas escolas, no complexo desportivo, etc há uma massa de trabalhadores escravos à espera de um contrato precário, alguns sem nada receber, alguns com o subsídio de desemprego ou com o subsídio social de desemprego.

PS: Deste post será dado conhecimento às diversas entidades das áreas do trabalho,do emprego e da segurança social. Esperemos que as entidades administrativas e judicias garantam o respeito pela legalidade, pelos mais elementares valores da democracia e da dignidade humana.