LIVRO AMARELO DO LARGO DA FORCA

 


«Carta aberta ao Largo da Fôrça

(ou "Como adoecer uma Câmara Municipal sem sair do gabinete")

Senhores e senhoras,

Peço licença — não para entrar, mas para enfim dizer:

Estou farto. Farto como quem já cheira mofo nas paredes da dignidade.

Mais de vinte anos a trabalhar neste circo, e de palhaço tenho pouco.

Aqui, a justiça veste farda de pano sujo e os incompetentes vestem cargos que não lhes servem.

Tão apertados de valores como largos de ego.


Temos, pois, a “menina bonita” do presidente — Rita Soares,

Rainha das selfies institucionais e das pausas para compras em horário nobre.

Diz-se coordenadora, manda em tudo e em todos — menos na própria utilidade.

É tão fotografada que, se um dia faltar a uma imagem, o município colapsa por falta de flash.

Num gabinete com 94 fotos, está em 92. A autoestima, coitada, grita por ajuda.

 

E depois, o nosso pequeno elefante na sala — o Babita, também conhecido por Álvaro Leal,

Homem de peso e birras, que transforma cada pelouro em campo minado.

Desporto, Juventude e Cultura? Dirigidos por alguém que vê desporto pela janela do carro.

Assediador de talento escasso, distribuidor de favores como quem vende rifas em arraial.

Despediu um Dr. decente (Miguel Godinho) para dar lugar à nulidade da infância — Sara Brito.

Competência? Zero. Mas tem selo PS, e isso, aparentemente, blinda até a mediocridade.

 

Babita empresta instalações, equipamentos, vontades — tudo menos juízo —

a clubes sem contrato, a amigos sem critério, a bajuladores com cartão de visita.

Quem não dança conforme a sua música é posto fora da pista.

Faz birra. Levanta a voz. Cospe veneno em quem não o idolatra.

Fala mal da assessora séria do presidente porque integridade lhe causa urticária.

 

Na Câmara, respira-se desilusão como se fosse ar condicionado.

Do Soliva às Taxas, da Saúde ao Desporto,

o clima é sempre o mesmo: abafado de injustiça e cheiro a mofo político.

Um cheiro que não sai com incenso, mas talvez com uma limpeza profunda —

daquelas que começam nos corredores e acabam no topo.

 

E eu? Eu olho em volta e vejo que isto não é uma Câmara.

É uma peça trágico-cómica onde só os bufões têm falas.

Sonho com um município onde as chefias saibam conjugar verbos e responsabilidades,

onde as estrelas não se confundam com buracos negros.

 

Mas, por agora,

fico-me por estas palavras.

E quem quiser represálias que venha de frente.

Que não me calo.

Nem por medo.

Nem por cansaço.

 

Porque amar esta casa é querer vê-la limpa.»