UMA TRAIÇÃO É UMA TRAIÇÃO

 

Não há traições de esquerda e traições de esquerda, traições fascistas e traições progressistas, uma traição é uma traição. Compreende-se que desde Judas Iscariotes que a traição é condenada na nossa civilização, o próprio Judas em vez de ter andado a pregar que tinha traído Jesus em nome de bons princípios, não conseguiu a vergonha de se ter vendido por trinta dinheiros e enforcou-se.

Os “trinta dinheiros” fazem parte do nosso léxico e seja qual for a língua, há uma expressão a definir traição, colocando todos os traidores como “descendentes” de Judas Iscariotes, alguém que se vendeu a troco de alguma coisa, os tais “trinta dinheiros” que na nossa civilização significa o que um escroque recebe em troca da sua traição.

Há muitas formas de fazer as coisas, mas quando a única diferença entre o antes e o depois da traição é um miserável ordenado maior do que aquele de que usufruímos, não vale a pena tentarem transformar um traidor num herói, porque seria o mesmo se o nosso seminarista tentasse substituir Pedro por Judas. Uma coisa são as fraquezas de Pedro que disse que não O conhecia antes de o galo cantar três vezes e Judas que se entregou aos romanos.

Por isso Judas não ousou armar-se em herói, não disse que a sua traição tinha sido um ato heroico em nome de bons valores. Judas não tentou justificar-se ou manter a confiança dos outros na sua triste personagem, Judas não suportou a traição, o ter traído aqueles que nele confiaram e suicidou-se, diz a lenda que se suicidou numa olaia, árvore que por isso também é conhecida por árvore de Judas.

Agora que o PS de VRSA mudou, estando bem à direita do CHEGA, estávamos pensando sugerir que as laranjeiras da Praça Marquês de Pombal fossem substituídas por laranjeiras, em homenagem ao seminarista de Viana, que conseguiu comprar todos os que estavam à venda e transformou o OS numa espécie de PDC.

Mas, face a evolução dos acontecimentos, sugerimos que na frente da entrada da CM em vez de uma oliveira seja plantada uma olaia, a árvore de Judas, para que sempre que aqueles que traíram os seus saiam do seu bom emprego se lembrem daqueles que um dia confiaram nele e que na hora de beneficiar dos trinta dinheiros não hesitou em trair.

O apelo ao voto que muitos eleitores ainda retêm nos seus ouvdos faz lembrar o beijo que Judas deu a Jesus pouco antes de consumar a sua traição. Desde então que na nossa cultura um traidor é simplesmente um traidor.