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Há duas semanas o famoso negócio dos prédios voltou o parlamento, numa intervenção de um deputado do CHEGA. Talvez por não ter sido referido o Município a que se referia, ou por ser um deputado do CHEGA, esta intervenção passou despercebida em Vila Real de Santo António.

Nesta intervenção o deputado do CHEGA estabelece uma relação clara e óbvia entre as ordens de despejo nos prédios a que nos temos referido por “prédio da Rua de Angola” e o negócio. Curiosamente já sabíamos desta relação, alguém o admitiu num telefonema e não dizemos quem teve esse descuido ingénuo, porque cairiam de costas.

O que sugere o deputado do CHEGA?

Que as ações de despejo dos prédios depois comprados pela CM com verba do 1.º Direito e, em igual montante, de endividamento do Município, visaram enquadrar os prédios em causa em condições jurídicas para viabilizar a sua aquisição pela Câmara Municipal ao abrigo do programa 1.º Direito.

Curiosamente, o nosso senhor presidente, o ministro das Infraestruturas e Habitação e a secretária de Estado da Habitação aquando da realização do negócio, não se cansaram de cobrar a VRSA este favor, salvaram mais de 70 famílias do despejo.

Mas se as ações de despejo visaram penas viabilizar o negócio, isso significam que lançaram mais de 70 famílias em pânico, que durante dois anos sofreram o medo de perder a casa, para depois os fundos que venderam os prédios obterem um lucro de mais de 80% e o nosso senhor presidente, mais o seu ministro e secretária de Estado, virem cobrar a boa ação que fizeram.

A verdade é que alguns residentes abandonaram as suas habitações, estas foram colocadas à venda, chegaram a estar em sites de imobiliário, mas coisa estranha, nenhuma terá sido vendida. Como se explicará que apartamentos de qualidade não foram vendidos?

Mas para que os fundos apostassem na compra dos prédios no âmbito do 1.º Direito teriam de contar com o ovo no “dito cujo” da galinha, já que na época a presidência da CM ainda não era do nosso senhor presidente. Para que os fundos avançassem para a manobra de despejo teriam de ter segurança de que poderiam fazer negócio com quem viesse a ganhar as eleições.

Os fundos sabiam que a única forma de obterem os lucros absurdos que vieram a ter, teriam que vender a um comprador distraído”, que ignorasse os condicionalismos impostos pela lei ai aluguer ou revenda destes apartamentos, já que nas suas matrizes estava averbado a condição de se destinarem a preços condicionados.

É por isso que algumas interrogações são inevitáveis:

De onde veio tanto dinheiro para a campanha do candidato Álvaro Araújo, que muito antes das eleições autárquicas e ainda antes das eleições presidenciais ocupou todos os espaços livres nas três freguesias para os encher de outdoors? Se formos analisar as despesas de campanha do candidato Álvaro Araújo essa despesa não vai aparecer, aparentemente resultou num financiamento do seu partido, já que para esse forte investimento numa candidatura autárquica foi estrategicamente realizado muito ants de se iniciar o prazo durante o qual todas as despesas de campanha devem ficar registadas n contabilidade da candidatura.

Uma coisa é evidente ou o OS decidiu investir com mais de um ano de antecedência o que não investiu em mais nenhuma candidatura autárquica ou havia quem estivesse fortemente empenhado em ter a certeza de que o candidato Álvaro Araújo seria o presidente da CM, o que, infelizmente, veio a suceder.

Outra curiosidade deste processo é que pouco depois das ações de despejo os deputados municipais e vereadores eleitos pelo OS começaram a defender junto do executivo camarário, o início dos trabalhos da Estratégia Local de Habitação. De um dia parecia terem descoberto a pólvora e mal chegaram ao poder a primeira coisa que fizeram foi precisamente negociar a Estratégia Local de Habitação.

Os vila-realenses quase ficaram embriagados, o nosso senhor presidente prometia 120 milhões de investimento em habitação, sem que a CM tivesse de investir um tostão. Só a ressaca não tardou, em vez de 120 milhões foram 80 milhões, em fez de a CM não meter um tostão terá de arcar com um aumento da dívida correspondente a quase 50% do que for investido, isto é, o endividamento encapotado que todos teremos de suportar para que o nosso senhor presidente ganhe votos à custa de quem beneficiar da sua generosidade, será de 40%.

E, como se tudo isto não bastasse, as freguesias de Monte Gordo e de Vila Nova de Cacela estão excluídas desta generosidade que também de terá der ser paga, sob a forma de dívida pelos seus fregueses, estão excluídas da generosidade do nosso senhor presidente. Ele parece ter outras prioridades e ao que conta o 1.º Direito até vai pagar habitação para os equinos dos eleitores preferidos do nosso senhor presidente. Os cavalos vão ter casa, mas os montegordino e cacelences ficam a ver estrelas

É estranho que as ações de despejo tenham sido decididas e dessa forma os prédios passaram a poder ser comprados no âmbito do 1.º Direito.

É estranho que já depois das ações de despejo e muito antes das eleições o nosso senhor presidente passasse a ser um militante da adoção urgente de uma Estratégia Local de Habitação.

É estranho que uma candidatura que nem tinha dinheiro para reparar a sede, de repente fez o mais investimento que se viu numa campanha autárquica, a mais de um ano das eleições.

É estranho que em tão pouco tempo fundos que não tinham qualquer atividade obtiveram neste negócio um lucro fácil de 84%.

É estranho que prédios que segundo constam nas suas matrizes foram construções a custos controlados tenham sido vendidos em condições normais de mercado.

É estranho que só algum tempo depois da notícia da TVI os defensores do nossos senhor presidente e depois o próprio, começassem a defender que o preço de mercado era ainda maior.

É estranho que se tenha falado tanto de uma avaliação independente mas que o nosso senhor presidente não a tenha referido antes.

É estado que pouco depois se tenha feito um contrato com um militante do OS para assessoria na avaliação de terrenos a adquirir no âmbito do 1.º Direito e que antes disso não tenha sido feito qualquer contrato de avaliação dos prédios em causa.

Tudo isto é demasiado estranho e as coincidências são muito sugestivas.