COMO A SÃO CABRITA DERROTOU O MURTA



A notícia da Sábado relativa à operação Triângulo abre um pouco o véu sobre os esquemas da São Cabrita para ganhar apoios eleitorais, apostando na compra do voto dos mais pobres.

A São Cabrita sempre foi uma política de fracos recursos, mesmo depois de três mandatos como vereadora e um como presidente da CM tinha um discurso pobre. Quando se candidatou a presidente da CM levaram-na para um hotel para receber lições de dição para melhorar o discurso oral.

Mas soube consolidar a sua influência, através de um esquema de apoio aos pobres, tendo a Mão Amiga, uma ONG criada por militantes do PS, mas que mais tarde serviu de apoio à São Cabrita. Todavia continuou a contar com militantes socialistas na sua direção, com destaque para o Álvaro Araújo.

A revista Sábado dá conta de um saco azul cuja gestão é atribuída pelos investigadores ao empresário Paulo Calvinho:

“Paulo Calvinho seria, segundo a PJ e o MP, o “saco azul” da autarca para lidar com os gastos pessoais, que incluiriam dádivas para instituições de solidariedade locais. OS investigadores calcularam que as dívidas acumuladas por conceição Cabrita ascenderiam a “pelo menos €200 mil”, tendo a autarca sido acusada depois de privilegiar as empresas de Calvinho em 13 adjudicações camarárias feitas em pouco mais de dois anos e avaliadas em €485 mil euros”

A que instituições de solidariedade local se refere a investigação? Não é difícil de adivinhar que uma delas pode ser a Mão Amiga da Lídia Machado e do Araújo.

Mas os “apoios sociais” não se ficaram por dinheiros do saco azul cuja gestão é atribuída a Calvinho. Como explicaremos amanhã, pouco antes das eleições que deram a vitória à São Cabrita a CM atribuiu mais de €400 mil euros à Mão amiga, que foram generosamente distribuídos em dinheiro dentro de envelopes.

A primeira vez que ouvimos falar destes envelopes foi pelo Rui Setúbal, mas o que o Rui Setúbal nos omitiu foi o papel do Araújo na Mão Amiga e muito menos na tentativa falhada de ser candidato. Mais tarde foi o próprio Rui Setúbal, como que para certificar a lealdade do Araújo ao projeto do PS, que nos contou que a São chegou a ir à casa dos Araújos para convidar a esposa para candidata número 2 da sua lista.

Também não nos contou que o Araújo tentou liderar a candidatura do PS e chegou mesmo a organizar uma lista. Curiosamente, o nome em que chegou a pensar para candidata a vice-presidente foi o de Lídia Machado, líder da Mão Amiga.

Todavia, a tentativa do Araújo de ser candidato pelo PS falhou, tendo sido o Eng.º Murta a candidatar-se.

Só que, além de ter de enfrentar os esquemas da São Cabrita para comprar votos dos mais pobres. O Eng. Murta teve de enfrentar o boicote da equipa do Araújo. Apenas o Rui Setúbal aparecia na candidatura, esforçando-se para ser chefe de gabinete do Eng.º Murta no caso deste ganhar, algo que o Eng. Murta rejeitou.

As influências da equipa do Araújo parece terem sido muito grandes, já que durante a campanha nacional o PS nacional ignorou a candidatura do Eng. Murta, António Costa esteve em Tavira, onde a vitória do PS era certa, mas não se deu ao trabalho de vir a VRSA dar apoio ao Eng, Murta, o mesmo sucedendo com a secretária-Geral do PS Ana Catarina Mendes, que esteve em campanha em Tavira, onde o PS estava derrotado à partida.

É óbvio que alguém do PS mexeu o cordelinho para que os dirigentes nacionais deste partido tivessem ajudado de forma clara a candidatura da São Cabrita.

Ainda hoje, a equipa do Araújo espuma ódio, basta ler os blogues anónimos que lançaram durante a campanha, onde o Araújo era o defendido e o Murta o Odiado, mesmo com o ex-presidente da CM pelo PS estar retirado da política.

A derrota do Eng.º Murta, seja qual for a opinião que se tenha deste político, envolveu muita política suja quer do lado da candidatura da São, como do lado dos que no PS não conseguiram lançar a candidatura do Álvaro Araújo.

Esta derrota mostra quanta sujidade tem havido na luta política local e como mais do que projetos políticos o que tem estado em causa é a luta de grupos para gerirem os recursos do Município.