LIVRO AMARELO DO LARGO DA FORCA

  


«Escrevo-lhe enquanto pai de um aluno do Agrupamento de Escolas de Vila Real de Santo António e faço questão de manter o anonimato, não por cobardia, mas porque, como se sabe, nestas coisas da “liberdade de expressão”, há sempre liberdade a mais para uns e a menos para outros.

O meu filho chegou hoje a casa a contar-me que houve uma palestra na escola. Tema? “Europa, problemas e potencialidades”. Até aqui, tudo normal. Mas o problema e aqui é que a coisa se torna irónica é que o orador foi nada mais, nada menos, do que o senhor David Heijselaar, candidato do Partido Socialista pelo Algarve às legislativas de 2025. Que sorte, não é? A escola, apartidária como se proclama, convida precisamente alguém que está em plena campanha. Coincidência, claro.

Durante duas horas, o senhor em questão debitou o habitual sermão anti-populista, anti-Chega, anti-tudo-o-que-não-seja-PS, perante uma plateia de alunos que, imagine-se, estavam ali para ouvir falar de Europa, não para serem alvos de doutrinação política encapotada.

Mas o momento alto da palhaçada (perdoem-me o termo, mas há alturas em que não há sinónimos suficientes) foi quando um aluno, teve a ousadia de perguntar: “Porque é que as verdades do PS são verdades, e as do Chega são mentiras?” uma pergunta simples, legítima. Resultado? Uma "docente" apressou-se a recordar que “ali não se fala de partidos”. Pudera. Depois de duas horas a martelar num só, talvez fosse mesmo altura de fechar a torneira.

O mais curioso é que estamos a falar de uma escola que tem, na sua sala de grandes grupos, o nome de Mário Centeno, curiosamente também do PS. Mas atenção, é tudo apartidário. Claro que é. Tal como o Pai Natal é real e a direção é imparcial.

Agora, algumas perguntas para as quais talvez nunca tenhamos resposta, mas que merecem ser feitas. O que fez a docente organizadora do evento, uma professora de História? Não notou o desvio? Ou fez parte dele?

A direção da escola assistiu, aprovou, incentivou… ou vai fingir que não sabia de nada?

E o município? O poder local que se diz tão preocupado com a juventude, como permite? Ou promove que se leve política partidária para dentro de uma escola pública, perante menores de idade, em pleno horário letivo?

Não sou do Chega. Nem sequer simpatizante. Mas não preciso de o ser para achar obsceno este jogo de hipocrisias. A escola serve para formar cidadãos, não soldados ideológicos. E se o pluralismo só é válido quando encaixa nos gostos do Partido Socialista, então talvez devêssemos ter a honestidade de retirar o rótulo de “ensino público” e substituí-lo por “extensão partidária”.»

Normalmente evitamos falar do que se passa dentro das escolas do concelho, mas a partidarização destas por parte do Araújo e a degradação acentuada na qualidade do ensino é tal, que deixámos de manter o silêncio pois está em causa o futuro dos nossos filhos.

É lamentável que um partido com a história do PS se comporte desta forma indigna em VRSA e, pior ainda, com tiques verdadeiramente fascistas, aliás, a secção do PS de VRSA está mais próximo de um partido de extrema-direita fascista do que de um partido democrático e muito menos de esquerda. Infelizmente tudo isto sucede perante partidos que em todo o país menos em VRSA defendem os valores de Abril. Aqui bastam gorjetas ou estatuto de senadores da treta para se comprar silêncio e votos.

Aquilo que aqui é denunciado é uma vergonha para a escola, para os professores responsáveis dessa escola e, infelizmente, explica a razão por que o ensino secundário local está no fundo da tabela do ranking.

Um comício privativo numa aula de história, onde nem sequer se respeitam os alunos é uma aula de história? Claro que não é, o professor não passa de um oportunista incompetente e os responsáveis da escola parece que estão mais interessados em agradar ao poder, talvez para manter privilégios, do que servir o futuro dos estudantes.

Uma vergonha ignóbil a que urge pôr fim.

PS: Tivemos a oportunidade de comprovar os fatos relatados nesta denuncia.