OS NOVOS ESCRAVOS DE "DEMOCRATAS" MANHOSOS




Consulto a base de dados das contratações da autarquia (CM e SGU) e reparo que a SGRU comprou “serviços administrativos” pela quantia de 37.625,00€. Como não sei o que é comprar serviços administrativos foi visitar o contrato. Trata-se de um contrato de prestação de serviços, válido por três anos, com um prazo de execução de 1095 dias. Lendo melhor o contrato percebe-se que não é mais do que a contratação de um trabalhador que será pago mediante recibos verdes. O contrato é anual e renovável por duas vezes, bastando uma carta com trinta dias de antecedência para que uma das partes rescinda o contrato.

Uma funcionária administrativa a trabalhar nestas condições não é nem uma empresária em nome individual porque enquanto empresa não existe, nem é uma trabalhadora pois não tem direito a invocar qualquer legislação laboral, em suma, é uma escrava da empresa, por outras palavras, é uma escrava da São e, por via da autarca, uma escrava do partido que governa a autarquia.

Esta funionária não tem direitos laborais, não tem direito a inscrever-se na ADSE e pelo que ganha nunca terá um seguro de saúde, não pode invocar o direito a férias ou a horário de trabalho e se levantar a voz, se ir ao comício de um partido da oposição, se for apanhada a tomar um café com um vereador de um partido da oposição já sabe que trinta dias depois recebe um chuto no rabo sob a forma de uma carta.

Quando uma autarquia nega aos que lá trabalham o elementar estatuto de trabalhador não está a gerir de forma empresarias os recursos de que dispõe, está a destruir a estrutura social de um concelho, está eliminando direitos laborais, através da chantagem e do medo está eliminando a democracia.

Um contrato deste tipo é bem mais grave do que a precariedade que implica. Isto é bem que ser trabalhador precário, é um ser humano precário em todos os sentidos, sujeito a todos os abusos e chantagens, ou aceita tudo ou sabe que o seu emprego acaba dentro de trinta dias. Ou é dócil com o chefe, ou promete votar no partido do chefe, ou evita aparecer ao lado de adversários da chefe, ou faz todas as vontadinhas ao chefe ou deixa de ter meios de subsistência daí a trinta dias.

Esta é uma forma de caciquismo quase medieval, nem mesmo o Salazar imaginou ir tão longe, uma verdadeira miséria humana.

MONTE GORDO EM OBRAS



Monte Gordo está a ser alvo em simultâneo de duas intervenções urbanísticas que compromentem o presente e talvez o futuro.


A mais importante e menos polémica é na própria praia onde os velhos e obsoletos denominados apoios de praia (restaurantes e balneários) estão a ser demolidos para dar origem a novos. Não vamos discutir a opção tomada pela madeira, muito menos a sua arquitectura, mas não é razoável que se iniciem em simultâneo as demolições de todas as construções privando os muito turistas estrangeiros que nesta altura habitualmente procuram Monte Gordo de poder usufruir da praia com dignidade. Hoje a paria é um enorme estaleiro e onde não é possível desfrutar de um banho de água ou de sol em sossego e nem sequer beber uma água ou um café.



Alguém nos consegue explicar o que justifica esta louca corrida pela demolição simultânea de todas as construções quando apenas uma pequena parte dos 18 novos apoios estão em condições de poder avançar? Não seria mais razoável fazê-lo de forma faseada começando por demolir as construções dos concessionários que já dispõem de capacidade financeira para e investir os cerca de 500 mil euros por cada nova unidade?  Não seria mais razoável manter alguns dos antigos apoios a funcionar por mais algum tempo e iniciar as demolições à medida que os novos apoios fossem sendo concluídos? 

Qual o problema de manter as licenças até ao final do primeiro trimestre e então concluir as demolições? 

A falta de lucidez de alguns, a mania da grandeza de outros podem justificar esta actuação. Esperemos que tal irresponsabilidade não tenha reflexos negativos para o futuro do turismo de inverno no concelho.

A outra obra é mais polémica! Estão a destruir a reduzida área de jardim existente na vila para aí serem construídos 20 espaços comerciais.

Não sé trata apenas de uma obra questionável sobre o ponto de vista ambiental e arquitectónico. Também sob o ponto de vista concorrencial é uma opção muito discutível! A valorização imobiliária das habitações e comércios na primeira linha (Av Infante D. Henrique) foi alimentada especulativamente pelo facto de, alegadamente, não ser possível construir mais nada entre aqueles edifícios e a praia, logo ficam goradas as expectativas de quem investiu muito mais do que os outros para ficar em primeira linha e muitíssimo mais do que aqueles que agora irão explorar os espaços comerciais inventados pela autarquia.

Como se tal não bastasse, o município sob a batuta do duo Luís + São está a utilizar um espaço que não é do município para tentar ir buscar mais uns cobres para atirar para o atoleiro financeiro em que mergulhou o concelho com a desastrosa gestão de 12 anos de folia conduzida por Luís Gomes e Conceição Cabrita.

Mas se calhar estou a ser injusto e a penas a especular  uma vez que como se pode ver pelas fotos a obra não tem a informação legalmente obrigatória pelo que poderá não ser a construção de outra qualquer coisa. 

Ou será que a falta da informação legal terá qualquer coisa a ver com o conteúdo do relatório do Ministério do Ambiente que afirma que a zona é propriedade do Estado e não do Município? Se calhar, digo eu a especular, a ideia da São é primeiro construir e quando chegar a notificação da proibição já tudo está feito e depois logo se vê se alguém tem coragem de mandar demolir





CAMALEÃO



É lamentável que seja cada vez mais raro ver um camaleão, em compensação na vida política aparecem muitos mas só com duas patas.

FAZEDORES DE EMPREGO



Talvez inspirada nesta música do álbum Campolide (*), desde há muito que a autarquia de Vila Real de Santo António se tornou numa verdadeira agência de emprego controlada pelo duo São e Luís.

Há cerca de 12 anos no primeiro mandato do Luís Gomes a agência de emprego montada na autarquia permitiu a contratação de dezenas de pessoas para os quadros da Câmara.mas como tal se revelava insuficiente para responder aos compromissos eis que foram constituídas duas empresas municipais, a SGU e a SRU que permitiram a contratação de mais de 100 pessoas. Quando das eleições autárquicas de 2009 entre funcionários camarários, das empresas municipais e prestadores de serviços eram mais de mil as pessoas que dependiam directamente da autarquia e dos favores dos seus dirigentes, dai até uma maioria absolutíssima de mais de 70% foi uma pequeno passo!

Veio a crise e com ela a impossibilidade de fazer novas contratações e até de manter os empregos e contratos de prestação de serviços anteriormente efectuados. Mas a criatividade deste par maravilha não tardou em encontrar solução, O desemprego disparou, o governo de Sócrates criou os programas ocupacionais para maquilhar os números do desemprego e saiu o totoloto à autarquia - podia continuar a fazer de conta que dava emprego, gastava menos dinheiro porque o governo pagava e conseguia distribuir o bodo por mais pobres. A máquina repugnante que transforma a miséria dos vilarealenses em votos no par maravilha estava de novo lubrificada.

A emigração não conseguia compensar a destruição de emprego e Passos precisou de maquilhar as estatísticas do desemprego,  com os programas ocupacionais em 2012 e 2013 o número de beneficiários cresceu e a Câmara de VRSA directa e indirectamente contratualizou mais de 500 pessoas em programas deste tipo o que permitiu chegar às eleições de 2013 numa posição confortável de domínio sobre uma enorme massa humana que precisava de emprego e não tinha como consegui-lo devido ao estado de empobrecimento que VRSA tem estado sujeito nas últimas décadas. Com estes números de empregos e falsos empregos geridos pela autarquia havia mais gente a depender da São e do Luís do que gá em Havana a depender do partido e do Estado tão admirados pelo nosso Luís, que levou dos mandatos presidenciais o grande desgosto de não ter conhecido o Fidel, uma grande ambição pessoal que chegou a revelar numa entrevista à comunicação social cubana.

O governo mudou, a "geringonça" baralhou o esquema pondo fim à vigarice estatística dos programas ocupacionais financiados pelo IEFP e pela Segurança Social, as eleições de 2017 aproximavam-se, o par maravilha enfrentou o dilema de ter de resolver o problema de continuar a fazer passar a ideia que as pessoas tinham empregos graças à Câmara?

À medida que os programas acabavam pedia-se aos beneficiários, sob a promessa de que estava a ser resolvido o problema para lhes ser feito um contrato de trabalho a termo, que fizessem voluntariado nos locais onde estavam a trabalhar e com isso ganhou-se um ou mais meses de trabalho escravo. A miséria humana é tanta que usando um truque miserável conseguiram alguns votos e ainda mantiveram gente em regime de trabalho escravo. Usar a vulnerabilidade de concidadãos para lhes condicionar as opiniões e ainda conseguir que trabalhassem seis meses em regime de falso voluntariado é algo que roça o indigno e inaceitável num Estado democrático e de direito.

Mas nas autarquias não há "trabalho voluntário", para isso servem as famosas ONG e foi uma ONG local a beneficiar deste "trabalho voluntário". O governo acabou com a falsidade estatística dos programas ocupacionais e os ideólogos da terra tiveram a brilhante ideia de manter a mentira, convertendo-o em "voluntariado" a troco de falsas promessas. E para executar esta ideia contou, naturalmente, com uma mão amiga, porque é para isso que servem as mãos amigas, mão pela qual já tinham passado 600 mil euros do negócio dos programas ocupacionais.

Terminado o acto eleitoral e não renovados os contratos a história repete-se. Os beneficiários são "convidados" a fazer trabalho voluntário até que se consiga fazer novos contratos, atribui-se um subsídio de 70 mil euros à Mão Amiga para paliar a situação e fazer alguns contratos, a autarquia continua a beneficiar do trabalho escravo e os nossos concidadãos e todos nós temos de nos sentir gratos pela esmola dada pela autarquia e gentilmente distribuída por uma mão amiga. É miserável, mas é mesmo assim.

Hoje, em VRSA, perante a passividade do IEFP, do ACT e da Segurança Social, nos armazéns da câmara, na "Casa do Avô", nas escolas, no complexo desportivo, etc há uma massa de trabalhadores escravos à espera de um contrato precário, alguns sem nada receber, alguns com o subsídio de desemprego ou com o subsídio social de desemprego.

PS: Deste post será dado conhecimento às diversas entidades das áreas do trabalho,do emprego e da segurança social. Esperemos que as entidades administrativas e judicias garantam o respeito pela legalidade, pelos mais elementares valores da democracia e da dignidade humana.

A SITUAÇÃO FINANCEIRA DA AUTARQUIA DE VRSA



Os artistas podiam muito bem ser o casal maravilha e o tamanho da toalha um desafio para quem vai ter de inventar obra e conseguir votos sem dinheiro. veremos se a toalha não cai antes das próximas eleições, deixando as partes à mostra.

UM CONCELHO EMPOBRECIDO



Para se estudar a temática do desenvolvimento ou, melhor, do subdesenvolvimento dos últimos anos, é uma boa ideia considera um ponto de partida. Podemos encontrá-lo na Monografia do Concelho de Vila Real de Santo António", de Ataíde Oliveira, que discrimina as atividades económicas do concelho no ano de 1907:

«Neste concelho e na Repartição de Fazenda, relativamente ao ano de 1907 encontramos o seguinte quadro:

Açougues (9) Agencia comercial (1) - Agentes do commercio rolante (1) Fabricantes de aguardente (8) - Mercadores de alcatrão (1) - Alfaiates (3) - Fanqueiros (10) - Alomocreve ou coveiro (1) - Arrais de embarcação (9) - Fabricante de azeite (1) - Barbeiros (7) - Barcos que navegam no rio (5) - Dono de bilhar sem botequim (1) - Botequim sem bilhar (1) - Boticários (3) - Caixeiros de escriptorio (3) - Fabricante de cal (1) - Emprezarios de calafate (3) - alugadores de carros (27) - M ercadores de carvão por miudo (1) - Mercadores de cereais (2) - Chefe de serviço de confecção do gaz (1) - Confeiteiro sem estabelecimento (1) Fabricas de conserva, exclusivamente de sardinhas (6) - Desenhadores para fábricas (1) - Despachantes (3) - Emprezario de espectaculos públicos (3) - Estalagens para commodo pessoal (4) - Estalagens para guarda de animais (2) - Mercadores de farinha (2) - Feitor (3) - Ferrador sem estabelecimento (1) - ferreiros (5) - Domo de forno de pão (2) - Alugador de carro funeral (1) -Fabrica de gesso (1) - Fabricantes de gazozas (2) - Fabricante de gaz para iluminação (1) - Guarda-livros (1) - Vendedor de leite (1) Dono de litografia (1) Fabricante de louça de barro ordinário (4) Mestre de navio de cabotagem, não tendo o comandante (1) - Moinhos de vento (4) - Moleiros (mestres de moinhos (3) - Operarios de calafate (2) - Operarios de carpinteiro (9) - Operarios de ferreiro (1) - Operarios funilieoros (3) - Pedreriros (6) - Pintor (1) - Tanoeiros (2) - Operarios de tecelão (1) - padeiro com estabelecimento (1) - Palheireiros com estabelecimento (2) - Vendedores de peixe fresco ou salgado (4) - Pilotos ou praticos da barra (10) Vendedores de relogios usados (3) - Estabelecimento de salga de carnes (1) - Sapateiros com estabelecimento de calçado (8) - Alugadores de seges (e) - Solicitadores de causas (4) - Tendeiros (23) - Tipografia (1) - Taberneiros (125) - Fabricante de vinho (10).»

Independentemente da imprecisão que resulta de se misturar algumas profissões com atividades empresariais e da curiosidade suscitada pelo número de alguns negócios, como o dos taberneiros que eram 125! e dos fabricantes de vinho, vale a pena refletir sobre se entre 1907 e 2017, cento e dez anos depois, se sente um grande progresso, apesar do crescimento de freguesias como Monte Gordo e Cacela, que até aos anos 40/50 eram pequenas aldeias, uma de pescadores, onde ficava o famoso sertão e um pequeno núcleo habitacional em torno da igreja, e a outra rural.

É óbvio que em termos relativos os autarcas da Vila Real de Santo António de 1907 teriam muito a ensinar aos autarcas de hoje. Em diversidade e em atividade económica Vila Real era uma terra dinâmica, hoje é uma terra morta, que se arrastas durante dez meses, à espera do mês de julho para iludir a miséria escondida por subsídios e caridade institucional dos Machadinhos.

Para os que se recordam do que era a vida económica e social durante os invernos, nos anos sessenta a Vila Real de Santo António de hoje é uma terra deprimente. A queda da atividade económica deste concelho merece um estudo sério, porque não é o encerramento das Minas de São Domingos, o assoreamento da barra do Guadiana ou o despareciemnto dos cardumes de sardinha que explicam tudo.

Quando em Lisboa se reúne o Web Summit talvez a São devesse juntar-se aos Machadinhos e ao admirador do Jose Marti e promover em Vila Real de Santo António o Poverty Summit. Se em Lisboa o tema é o empreendedorismo, o financiamento das novas tecnologias e o desenvolvimento, em Vila Real de Santo António os mandadores locais discutiriam a melhor forma de gerar pobreza facilmente convertível em votos autárquicos. Até poderiam convidar os amigos cubanos e outros amigos e admiradores de Jose Marti da América latina, porque de pobreza e democracia percebem eles com fartura.

A DIFÍCIL EQUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO




Sem empreendedores dignos desse nome, com um setor empresarial concentrado em atividades com um baixo nível de valor acrescentado, quase sem terrenos disponíveis para urbanização, com o potencial turístico destruído pelo aproveitamento intensivo e desordenado das áreas com potencialidades turísticas, com uma autarquia quase falida, com os jovens especializados em programas ocupacionais, como se pode pensar no desenvolvimento de Vila Real de Santo António.

Depois de levar a dívida a níveis brutais e de empenhar uma boa parte das receitas futuras a autarquia dificilmente conseguirá manter por mais quatro anos o modelo oportunista montado a pensar nas eleições. Dificilmente conseguirá manter os esquemas do passado e não dispõe de recursos financeiros, poderá inventar uma VRSA parecida com o Dubai encomendando desenhos de arquitetura a lembras a Germânia de Hitler, mas dificilmente terá dinheiro para ir além da primeira pedra.

Não admira que a São e os seus pares tenham tentado apropriar-se abusivamente da mata, era um golpe de mestre, a sua venda renderia dinheiro para mais quatro anos de despesismo. Sem património para vender, sem espaço para aprovação de novos projetos, pouco mais resta à São do que fazer contas à vida, sem receitas extraordinárias as receitas correntes mal darão para o serviço da dívida.

Depois de mais de uma década a ignorar a importância que a autarquia poderia ter na promoção do desenvolvimento, os irresponsáveis que gerem a autarquia enfrentam agora o inverno de pobreza que semearam durante três mandatos. Um concelho ultra periférico, quase sem atividade empresarial, com as poucas empresas existentes no setor do comércio ou a gerir um parque hoteleiro envelhecido.

Se comparada com outros concelhos do Algarve, Vila Real de Santo António está hoje mais pobre do que estava ao longo de todo o século XX e mesmo do que estava no século XIX. Basta analisar as diferenças de desenvolvimento entre Vila Real de Santo António e Castro Marim, um concelho historicamente pobre, para percebermos como a cidade está a recuar. Não tardará muito para que Castro Marim supere Vila Real de Santo António. 


Seria interessante se a presidente da autarquia em vez de andar a cercear o debate político e a fazer ameaças veladas, como fez no discurso de posse, explicasse aos cidadãos de Vila Real de Santo António como encara o futuro da cidade cujo desenvolvimento lhe cabe promover. Que ideias tem, com que recursos conta, o que pretende fazer?

UMA RELAÇÃO ESTRANHA



Independentemente do que se possa dizer de Cuba, das simpatias que possamos ter em relação a este país ou das posições em relação a alguns problemas como, por exemplo, o bloqueio, a verdade é que Cuba não é um país qualquer.

Não vale a pena pensar que as iniciativas associadas a Jose Marti, muito queridas do ex-autarca de Vila Real de Santo António, são inocentes e não visam a propaganda do regime. Ou ignorar que o programa ao abrigo do qual foram realizadas às cataratas se inscrevem num programa de ajuda à América Latina. Fazer de conta que tudo isto é tão natural como ouvir Luís Gomes falar à televisão cubana como se pertencesse ao comité central do PCP só pode merecer uma gargalhada.

O que levará um jovem ambicioso da direita europeia, cujo partido pertence ao grupo conservador, cujo partido quase apelou à Europa para boicotar Portugal por causa de um acordo político á esquerda, gostar tanto de Cuba? Para o regime cubano Luís Gomes não é um qualquer militante de base do PCP, tem direito a cerimónia pessoal de despedida na hora da partida de um embaixador de Cuba em Portugal, organiza as semanas culturais de propaganda cubana, algo que dantes se via na Festa do Avante e tem um estatuto destacado em Havana.

Pensar que tudo isto é espontâneo é uma pura ingenuidade, imaginar que um país com grandes dificuldades financeiras decidiu ajudar os pobres de Vila Real de Santo António é brincar com a nossa inteligência. A relação entre o regime cubano e um político da direita conservadora europeia não é decidida de ânimo leve ou por um qualquer cabo de esquadra. É algo que num regime como o de Cuba passa pelo crivo do partido, do governo e dos serviços de informação.

Como explicar que um autarca do PSD tenha em Cuba muito mais destaque do que o líder do PCP? A que título a presença "cultural" de Cuba em Vila Real de Santo António é mais forte do que na Festa do Avante? Que estatuto especial tem Luís Gomes para que seja convidado paras as cerimónias oficias na embaixada cubana? O que leva tantas vezes Luís Gomes a Cuba, onde é recebido com tantas honrarias? Que mais negócios e relações estão envolvidos nesta trama?


José Luís Gomes não é propriamente um Hugo Chavez e as suas relações muito íntimas com e em Cuba só podem existir porque são apoiadas pelo regime. Há algo de muito estranho nesta relação e dificilmente podemos acreditar que os acordos entre Luís Gomes e o regime cubano se ficam pelo que é do conhecimento público. Há muito mais nesta relação de tantas viagens do que umas musiquinas na companhia de um cantor cubano.

O QUE VAI FAZER A SÃO?


Agora que passou de vice a presidente da Câmara Municipal de Santo António o que vai fazer a São, vai continuar a ser uma vice de Luís Gomes ou tentará afirmar-se afastando-se do seu progenitor político?
 
Não vai ter um mandato fácil, com uma câmara falida de cuja situação financeira foi corresponsável ou continua presa aos compromissos que assumiu no passado ou tentará afirmar-se demarcando-se do seu antecessor, agora em situação de desemprego.
 
Um capítulo que merece especial atenção são os negócios estranhos com o regime cubano, se a São continuar a transformar Vila Real de Santo António num protetorado de Cuba o Luís Gomes poderá continuar a apresentar-se em Havana como dono da situação. Mas se a autarquia reduzir as relações com Cuba aos mínimos contratuais o ex-presidente poderá vir a ser abandonado por Cuba e pelos cubanos, é caso para dizer que ficará a cantar sozinho.
 
A obra que deixou em Vila Real de Santo António e as suas relações estranhas com outros meios políticos torna Luís Gomes demasiado tóxico para a futura liderança do PSD, isso significa que o ex-autarca, agora músico nas horas livres, arrisca-se a perder o lugar e o que se passou em Castro Marim, onde teve um papel importante, não faz prever nada de bom. Luís Gomes pode comer do mesmo pão que amassou e depois enfiou pela boca do Estevens. Uma dúvida que está no ar é se a São lhe vai dar a presidência da SGU.
 
É muito duvidoso que a atual presidente deseje que Luís Gomes ande por aí durante quatro anos, esperando a devolução do lugar. Até porque a agora presidente precisa de se demarcar do passado e de muitos negócios duvidosos.
 
Em casa onde não há pão e com tantos negócios a pedir esclarecimento a atual presidente vai ter uma vida difícil, vai precisar de consolidar o seu lugar de presidente e esperar que o agora seu vice não esteja à espera de um tropeção para no fim tanto a São como o Luís ficarem a ver os navios a passar ou a imaginar pois há muitos anos que não entra um navio na barra do Guadiana.


OPACIDADE, CORRUPÇÃO E CACIQUISMO



A regra das compras das instituições do Estado é o recurso ao concurso público. Desta forma assegura-se que os concorrentes estão em condições de igualdade, desconhecem-se as propostas dos concorrentes e as decisões têm de ser fundamentadas nos termos dos concursos. Quem ganha um concurso não fica com qualquer dívida de gratidão em relação à senhora presidente.

Os concursos asseguram que os negócios são transparentes, que o Estado não favorece cidadãos, que o dinheiro dos contribuintes é gasto de forma honesta e que não está ao serviço de autarcas caciques, que o usam para comprar votos, para perseguir concidadãos ou para manipular eleições, para se eternizarem no poder.  

A transparência nos negócios do Estado é uma condição para se combater a corrupção em todos os sentidos, no sentido penal, no sentido ético e no sentido eleitor.

O recurso à adjudicação direta é uma exceção na lei, mas quer na autarquia de Vila Real de Santo António quer na sua SGU a regra na hora de gastar dinheiro é o ajuste direto como se pode verificar na  lista (Excel) das compras da CM * e das compras da SGU * (clique para fazer download da folha de cálculo). Em mais de mil compras desde o ano de 2008 a autarquia promoveu pouco mais de uma dúzia de concursos, todas as outras foram feitas por ajuste direto.

Isto significa que a SGU e a CM gastaram centenas de milhares de euros decidindo a quem compravam, isto é, centenas de cidadãos e de empresas dependem dos humores dos responsáveis daquelas instituições e todos sabemos ao que isso pode conduzir, ao caciquismoo. Na hora das eleições todos sabem de quem depende. Isto significa que os contribuintes não só pagam taxas elevadas a troco de nada, que o futuro do concelho está ameaçado por uma dívida brutal, que o dinheiro é mal gasto e ainda por cima serve para eternizar os caciques no poder.

(*) Clicando no link acede a uma página no Keep2Share. Clique no botão " Slow speed download". O ficheiro de Excel contém todas as compras desde finais de 2008.

UM DIA QUE DEVIA SER FELIZ



A posse dos órgãos autárquicos deveria ser um dia de festa, tanto para aqueles que conseguiram mais votos, como para os que conseguiram menos reconhecimento eleitoral das suas propostas. Todos representam o povo e como tal deveriam ser respeitados, todos foram eleitos democraticamente e com campanhas limpas, depois de os militantes dos seus partidos os terem escolhidos como os mais capazes para gerir as instituições municipais.

Todos sabemos que nada disso acontece em Vila Real de Santo António, uma terra de grandes tradições democráticas que parece mergulhada numa noite democrática que poderá chegar aos dezasseis anos. Todos conhecemos os truques, sabemos dos envelopes, dos almoços, dos favores, das empresas amigas, das pressões.

A democracia serve para que sejam escolhidos os melhores, mas todos sabemos que uma democracia podre leva a que nem sejam escolhidos os melhores candidatos nem os melhores autarcas. É por isso que hoje em vez de estarmos celebrando a democracia estamos assistindo com tristeza a mais um ato de uma ópera bufa.

Os que ganharam sabem como o conseguiram e não sentem vergonha na cara, os derrotados sabem como perderam e cumprimentam os empossados com um sorriso no rosto. Vão começar mais quatro anos do mesmo, de favorecimentos, de presença cubana, de negócios questionáveis, de aumento da dívida, de basófias, de tristeza.

Mas é também o primeiro dia para a oposição que deve começar por uma reflexão, como é possível que uma equipa tão incompetente consegue quatro anos depois de nada ter feito ganhar as eleições com uma mairoia absoluta? Os abusos, as manipulações, os almoços, os almoços e a manipulação
eleitoral da miséria económica e cultural não explica tudo.

A oposição perdeu também porque não foi suficientemente competente e os partidos devem refletir sobre se escolheram bem os dirigentes, se a forma como funcionam internamente é entendida pelos eleitores, se os seus modelos se adequam aos desejos da população. é bom que o faça, sob pena de dentro de quatro anos voltarem a perder.

O CHAVELHITA



Foi durante muitas anos o ardina da Vila, tinha a sua banca junto à parede , entre o Cantinho do Marquês e o Monumental, ao lado da tabacaria do Mário, chefe dos serviços administrativos da Parodi e afilhado do dono da fábrica, o D. Angelo Parodi, personalidade de que falaremos noutra ocasião.

Baixo, rápido, cabelo branco e cheio de genica o Chavelhita foi uma imagem da Vila durante muitos anos, mais tarde passou a ter consigo o irmão, doente em resultado da passagem pela guerra colonial, mais alto do que o irmão, cabelo comprido. Voltou doente da guerra, nesse tempo dizia-se que estava passado ou flipado, hoje teria sido diagnosticado stress pós traumático, a guerra estava presente na frase que repetia incessantemente, “quem passa por elas é que sabe e as catanas eram bifes”.

Para a memória coletiva da vila ficou o dia 25 de Abril, soube dos acontecimentos de manhã, ainda que a data era esperada desde o golpe das Caldas. Mas as notícias chegavam devagar e durante algum tempo o Baía ainda foi o poderoso chefe da PIDE/DGS. A ansiedade era enorme, os jornais, os vespertinos que já traziam as notícias do golpe militar, se resistissem à procura antes da carrinha chegar ao fim do seu itinerário, chegariam, como de costume, ao princípio da noite, tempo necessário para os 300 km até Lisboa.

Quando os jornais chegavam, enrolados e com páginas velhas a servirem de embalagem, havia que os montar e arrumar na banca. O Chavelhita perdeu a paciência com tantos braços ansiosos, estendidos com moedas nas pontas dos dedos. Perdeu a paciência, foi para o meio da Praça Marquês de Pombal e atirou os jornais para o ar e foi-se em borra. Todos pagaram o jornal depois de recolhido na calçada e para muitos esta é a memória que marca 25 de Abril de 1974.

PROGRAMA OPERACIONAL MAR 2020



"Grupo de Ação Local Pesca do Sotavento do Algarve anunciou a abertura, até 5 de janeiro de 2018, de candidaturas a fundos do Mar2020, disponibilizando um total de apoio público de 3.306.042 euros.

Este aviso disponibiliza apoio não reembolsável, com uma taxa de cofinanciamento público de 50% a 100%, mediante a tipologia de beneficiário e natureza do projeto.

São elegíveis projetos nas seguintes áreas: inovação em espaço marítimo; qualificação escolar e profissional relacionada com o meio aquático; promoção de planos de mar; preservação, conservação e valorização dos elementos patrimoniais e dos recursos naturais e paisagísticos; reforço da competitividade da pesca; reforço da competitividade do turismo; promoção de produtos locais de qualidade; melhoria dos circuitos curtos de bens alimentares e mercados locais, no âmbito do mar.

As candidaturas deverão ser apresentadas em suporte papel e em triplicado, com recurso ao formulário disponibilizado nos sítios da internet do GAL Pesca Sotavento Algarve  e do Programa MAR2020". (Diário Online)


Enquanto o município de Olhão investe na indústria e na pesca, em Vila Real de Santo António o autarca prefere investir milhões em projetos de Dubai para engrandecimento da sua imagem, depois ajudam-se os pobrezinhos com consultas de oftalmologia, sopa dos pobres, e programas ocupacionais. Compreende-se, é mais fácil arregimentar pobres e subsidio-dependentes para as grandiosas arruadas eleitorais do que gente que não depende nem tem medo dos senhores presidentes.

Esperemos que desta vez Vila Real de Santo António não fique de fora dos investimentos no mar e que se quebre o ciclo das famílias locais que enriqueceram com o oportunismo das licenças de pesca.

PENSAR O MODELO DE DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO



Coincidência ou talvez não, desde que existe poder autárquico democrático que o concelho de Vila Real de Santo António tem vindo a definhar. Esta realidade só tem sido mitigada graças ao negócio da peseta, negócio que não cria emprego qualificado nem promove o emprego ou o empreendedorismo a montante do balcão dos atoalhados.

Viradas para o voto fácil a tendência de muitos autarcas é gerar receitas ou dívidas para mostrar obra, tendendo a gastar os recursos na satisfação de necessidades imediatas, em prejuízo de projetos que visem o futuro. Este modelo assenta em receitas fáceis (dívida, vendas de património e impostos sobre o imobiliário).

Nos últimos dois anos, com uma gestão autárquica totalmente centrada na obtenção de votos sem olhar a meios, este modelo económico tornou-se miserável. Promove-se a miséria para depois ganharem-se votos comprando quem precisa de um emprego, de uma casa ou simplesmente de comer. Nos últimos anos o concelho foi embebedado com projetos grandiosos, mas pouco mais se fez do que uma morgue e as obras num edifício camarário, tudo o resto foi pura basófia.

Criou-se um exército de pobres e subsidiodependentes que na hora das eleições são arregimentados para jantares de campanha, arruadas e, por fim, votar. Os boatos de envelopes com dinheiro, de restaurantes cheios de famílias inteiras a almoçar depois das eleições.

É preciso quebrar com este ciclo miserável que foi instalado pela tripla São+Luís+Romão Jr e voltar a pensar na economia do conselho, refletir sobre como pode um pequeno concelho acabar com um ciclo de pobreza, promovendo o investimento e empreendedorismo, para que as próximas gerações de jovens em vez de andarem em programas ocupacionais a mando da São ou do Luís, sejam capazes de gerar mais riqueza e desenvolvimento.

BASÓFIAS



Basta procurar por Vila Real de Santo António no Google para apareçam dezenas de ligações para notícias dando conta de grandiosos projetos imaginados e anunciados pela dupla São+Luís. A máquina de propaganda paga a peso de outro para proporcionar notoriedade nacional a esta maravilhosa dupla teve o seu auge com a nova Germania do Luís.

Daremos especial atenção às basófias do passado da dupla Luís+São e do futuro com a dupla São+Romão JR.

O QUE ESCONDE O ARMÁRIO CUBANO DE VRSA?


É bem conhecido o internacionalismo cubano, as suas relações com alguns países da América Latina, o apoio dado ao MPLA em Angola ou a sua presença noutras partes do mundo. Mas também se sabe que Cuba não é um país rico e com grandes recursos, durante décadas sobreviveu com a ajuda da ex-URSS e muitos dos seus apoios ou intervenções externas tiveram compensações, sem as quais o país não sobreviveria. No caso atual da Venezuela todos sabemos que independentemente das relações ideológicas há também compensações, o apoio à Venezuela é compensado com petróleo barato.

Não se pretende dizer que o regime cubano é desonesto ou que beneficia abusivamente de situações em que se envolve politicamente, diz-se apenas que o internacionalismo cubano não é uma forma de mecenato internacional para o qual aquele país pobre não tem recursos. Cuba exporta quadros e importa matérias primas a preços favoráveis.



Mas o que levará Cuba a ter em Vila Real de Santo António uma presença proporcionalmente mais importante do que a que tem ou teve em qualquer outra parte do mundo? O que leva o regime comunista cubano a ter relações especiais com um político local da direita portuguesa? Vale a pena lembrar que pouco tempo depois de Gorbachev chegar a líder do PCUS foi impedido de entrar em Portugal para estar presente num congresso do PCP, por um governo do PSD que na época estava bem mais à esquerda do governo de extrema-direita chique de Passos Coelho.

Qual será o verdadeiro papel de Luís Gomes nas relações com o regime cubano? O que leva o governo de Havana a ter relações com um político local da direita de um país da UE e da NATO com um nível de intimidade só comparável às relações que tem com o governo venezuelano? O que dará Luís Gomes em troca, que compensações poderá ter Luís Gomes em Cuba?

As relações de Luís Gomes com Cuba são um armário cheio de segredos escondidos dos olhos não só dos vilarealenses como de muitos outros. O que ganha Cuba com estas relações pessoais, negócios de saúde e semanas culturais num pequeno concelho da Europa que fica a milhares de quilómetros de Havana? O que oferece e o que recebe em troca? Quem é Luís Gomes na perspetiva do regime cubano , da sua diplomacia, do Partido Comunista de Cuba e dos seus serviços de informações?



O que se esconde no armário cubano de Luís Gomes? É só o que poderão dizer ou sugerir as más línguas, de que todos falam à boca pequena, é uma genuína admiração pelo regime cubano por parte de alguém de direita e sem grandes escrúpulos políticos, serão as preocupações com os problemas oftalmológicos dos velhotes ou há muito mais?

Um dos pontos a analisar com mais atenção no próximo mandato autárquico são as relações da autarquia com o regime cubano. Serão um teste à fidelidade da São em relação ao Luís Gomes. As relações vão manter-se, Luís Gomes vai ter um estatuto especial na CMVRSA que financie as suas deslocações a Cuba?

Quem vai mandar na autarquia de Vila Real de Santo António, a São Cabrita ou o Luís Gomes? Neste negócio à Putin/Medvedev qual é o papel da São e de Luís Gomes? Que papel vai ter Cuba e o seu governo na gestão autárquica de Vila Real de Santo António?

A AVIFAUNA DE VRSA


Apesar da pouca importância que é dada às questões ambientais, sinal de que a concepção da cultura das entidades camarárias tem muito de decorativa, a verdade é que o concelho de Vila Real de Santo António é um dos mais ricos em biodiversidade. Muito provavelmente é um dos concelhos do país onde se pode observar um maior número de aves.

Num pequeno concelho podemos encontrar uma grande diversidade de habitats, cada um dos quais com a sua avifauna específica, temos serra, barrocal, ria, sapais, pinhal, praia e dunas. Além disso, o concelho situa-se numa das principais rotas migratórias por onde passam as aves nas suas viagens migratórias entre a Europa e a África, aproveitando a passagem do Estreito de Gibraltar.


Não admira que no passado a mania de "armar ao pássaro" fosse quase um desporto local, prática que felizmente já quase é cosia do passado. Neste capítulo vale a pena referir que muitas aves têm em VRSA nomes que não são usados noutras regiões do país. É o caso do verdilhão-comum (Carduelis chloris) da fotografia que em VRSA é conhecido por verdum.

É uma pena que pouco ou nada se tenha feito neste capítulo, um domínio em que nalguns países atrai muitos turistas. 

100 DINHEIROS



Dizem as más línguas que este ano a cotação dos votos subiu animada pela notação dada à dívida portuguesa pela S&P, ao que parece cada voto, independentemente do peso, do leitor tinha um preço único de 100€, isto é, um único voto dá para ir ali à praça comprar dez quilos de estupeta de atum. 

Como o preço dos votos é como a cotações das safiras nalguns mercados africanos ou como o ouro em pós da Amazónia, não há quem publique as cotações, é bom sabermos a quantas andamos. Assim nas próximas eleições já sabemos quanto devemos exigir por cada voto, 100 € mais o aumento do custo de vida, que tanto pode ser determinado pela taxa de inflação como pode ser indexado ao preço da muxama, isto para quem compre mais muxama e menos bifes.

Daqui a dois anos este valor pode vir a subir, para além do aumento dos preços há que avaliar bem o desespero dos que precisam de ganhar. Se a dívida do concelho aumentar vertiginosamente, como tem sucedido até aqui pode pedir-se mais algum. Quem souber regatear até pode negociar eleição a eleição, tanto para o voto na junta, outro tanto para a assembleia municipal e mais algum por conta do voto no presidente ou presidenta. Tudo bem contado em notas de dez euros e fechadinho num envelope que fica por conta do comprador.

Quem paga? Não se preocupem, o que há mais por aí são sacos azuis por conta de futuros e apesar de todas as leis de branqueamento de capital o que menos faltam são sacos de plástico. 

Não se deixem enganar, quando alguém quiser comprar o seu voto não exija menos do que dez quilos de estupeta.

O LARGO DA FORCA



Podem ficar descansados, não somos devotos do André Ventura e não vamos defender o restabelecimento da pena de morte para autarcas incompetentes ou danadinhos para guloseimas. Aliás, o Largo da Forca, agora promovido a Largo António Aleixo porque a casa onde durante muitos anos foi a oficina do Mário pintor, nunca teve forca, nem ninguém ali foi vítima de um qualquer auto de fé, apesar de ali ter existido a carvoaria do Chico, conhecido por Chicarvão.

O que por ali havia era uma bica para cavalos e é uma pena que não tenham reposto a bica, com as cavalgaduras que andam por aí talvez fossem úteis, ainda que agora tudo quanto é quadrúpede de duas patas prefira do Sem Espinhas dos adolescentes de quarenta anos.

O Largo da Forca é apenas um espaço onde se reúne a oposição virtual ao estado a que a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. Aqui ninguém se deixa calar, ninguém se cala a troco de subsídios para a família, ninguém é administrador de empresas fantasmas, ninguém sofre de cataratas, ninguém é empregado camarário, ninguém vende votos nem almoça à borla em dia de eleições.


Aqui é-se livre, pensa-se livre. Aqui critica-se, aqui defende-se, aqui recorda-se, aqui projeta-se o futuro.