DA SICÍLIA A SINALOA




Se formos à Sicília, a Medelin ou a Sinaloa encontramos situações sociais muito semelhantes encontramos situações muito semelhantes no plano da situação social. Para muita gente dessas terras os capos são verdadeiros santos, o que não é de admirar. Eles “ajudam” os pobres que estão em dificuldades, a um pagam tratamentos médicos, a outros ajudam os filhos a encontrar emprego, dão casas, ajudam as associações desportivas.

Nesses meios de pobreza e subsidiodependência os polícias, os magistrados, os que pensam livremente, os jornalistas e todos os que combatem a corrupção são os maus. Os bons são os capos, os sicários e todos os que são uns santos, na Sicília estão ao lado dos bispos e dos políticos locais nas procissões e em Medelin ou em Sinaloa até vemos as suas fotos nos altares.
Se os EUA libertassem o El Chapo e este regressasse a Sinaloa seria recebido como um herói e a polícia voltava a ter dificuldades em encontrá-lo, porque muitos o ajudariam a esconder-se nas suas casas. Ainda recentemente um filho foi preso e poucas horas depois o presidente do México foi obrigado a libertá-lo, face ao levantamento em armas de muitos sicários, apoiados por gente pobre. Nos últimos dias voltou a ser preso e só aa presença em força do exército e força aérea do México impediu que se voltasse a escapar.

A verdade é que a corrupção apodrece a sociedade e não é raro ver os bandidos a contar e, se for caso, disso a recorrer ao “apoio popular” contra os maus, que são os jornalistas os magistrados e os que são contra os podres da sociedade. Os que se batem contra essa gente recebe ameaças de porrada a toda a hora e têm de enfrentar o ambiente hostil para viverem.

A verdade é que a corrupção ou qualquer outra forma de banditismo não traz progresso a ninguém e só a ignorância é que leva muita gente de pouca cultura e que vive na dependência das ajudas é que vê na riqueza fácil uma forma de desenvolvimento económico e social.

Esta gente socorre-se dos fundos públicos ou do dinheiro fácil para comprar não apenas os pobres, as máquinas partidárias, alguns jornalistas duvidosos e empresários menos escrupulosos não hesitam em apoiá-los a troco de favores. Nesses meios não há nem esquerda, nem direita e não nos admiramos de ver líderes da extrema-direita, que tanto dize, combater a corrupção aparecerem a apoiá-los, se for necessário até dizem que as televisões só dizem mentiras. Até há quem apareça a dizer que quem faz negócios duvidosos caem nas esparrelas de outros, por mais evidente que seja a sua responsabilidade.

Ainda recentemente vimos num concelho do Norte uma política cair em desgraça, mas se lá formos vamos ouvir muita gente assegurar que se trata de uma família de santos, que não faltam a nenhuma missa, que vão aos funerais de toda a gente e quem os vê na procissão fica a pensar que já têm bilhete para ir para uma suite de luxo no Céu.