Quando se sentiu desorientado durante a entrevista à TVI, o senhor presidente tirou um coelhinho da sua cartola meio amolgada, que ia mandar fazer uma auditoria arqueológica ao processo de lançamento da construção dos prédios. Isto é, perante a incapacidade de esclarecer as dúvidas do presente, relativas a um negócio que ele próprio toinha feito, tenta lançar dúvidas sobre o passado, fundamentando-as na mentir de que “os prédios nunca deveriam ter saído da CM”.
Se o senhor presidente já tem uma certa tendência para declarações desastrosas sempre que fala sem guião, desta vez foi longe de mais. Quando o jornalista o questionou sobre se ia pedir essa auditoria ao Tribunal de Contas, meio a hesitar e com ar de quem estava à beira de gaguejar, disse que não, que seria uma empresa privada.
É impressionante como este senhor presidente está a confundir o Estado com a tasca da coxa, parece achar que a CM é uma fazenda de alfarrobeiras, onde faz o que quer e bem entende. Que entidade poderia ser mais independente e chegar a conclusões definitivas sobre a embrulhada em que se meteu, senão o Tribunal de Contas? Se não gosta do Tribunal de Contas ainda poderia recorrer à IGF, mas se também não gostasse da IGF podia recorrer aos serviços de inspeção do Ministério da Administração Interna, onde está o membro do Governo com a tutela das autarquias.
Não só seriam auditorias rigorosas e independente, como se o senhor presidente tem a folha limpa neste negócio, tudo seria esclarecido a seu favor. Além de encerrar o assunto definitivamente, ainda o conseguiria sem gastar um tostão, já que nem o Tribunal de Contas, nem a IGF, nem a Inspeção-Geral da Administração Pública lhe fariam qualquer cobrança.
Além disso, o que devemos pensar de alguém que em vez de esclarecer um negócio que fez há dias e que a não ser que tenha algum problema de saúde que lhe enfraqueça a memória, deverá saber tudo em pormenor. Pelo menos, foi o que pareceu numa entrevista anterior, ainda que nessa entrevista é bem provável que já soubesse quais as perguntas que lhe iam ser feitas.
Em Último caso e para tirar. Teimas poderia ter a iniciativa de pedir à PGR que abrisse um inquérito, deixando a tarefa de limpar a sua imagem ao Ministério Público?
Então por que é que perante a pergunta” ingénua “ do jornalista, fugiu do Tribunal de Contas como o diabo foge da Cruz?
AA resposta é óbvia, porque o Tribunal de Contas tem juízes e não arqueólogos, estes não servem para atirar caca para ventoinhas. Se o Tribunal de Contas decidisse intervir a pedido do autarca, nunca lhe perguntaria o que podia ou não podia investigar, e muito menos autorizá-lo-ia a usar conclusões para chamar jornalista e plantar notícias num jornal, como parece ter sucedido com a falsa auditoria conduzida pelo sr. Dr. Auditor Rui Setúbal.
Pior, EM vez de investigar aquilo em que o senhor presidente, é bem provável que iria auditar o presente e, muito provavelmente, o autarca poderia acabar feito num molho de brócolos.
É óbvio que uma auditoria feita por uma empresa privada pode facilmente ser transformada num frete, poderia contratar a empresa do ui Setúbal e todos saberíamos as conclusões muito antes de o ilustríssimo auditor ter começado a ler o relatório. Até poderia fazer uma conferência de imprensa, como aquela em que confrontado com uma pergunta de um jornalista, respondeu orgulhosamente que não se importaria de ir para a cadeia. Enfim, este senhor presidente parece que só não se estampa quando é questionado por jornalistas da terra.
Portanto aqui fica uma sugestão à borla para o sr. Presidente, porque não razão não pede a intervenção do tribunal de Contas, da IGF ou do Ministério Público, pondo tudo a pratos limpos e mostrando aos vila-realenses que VRSA mudou mesmo e para melhor?
Mais uma pergunta ao senhor presidente? Não estará a brincar com os vila-realenses às auditorias como que brinca às escondidas na Praça Marquês de Pombal, já que deve ser do seu conhecimento que o processo destes prédios foi investigado no passado pelo ministério Público? Enfim, este senhor presidente às vezes parece tropeçar na memória.