UM NOVO ROBIM DOS BOSQUES?



“A história mais famosa e repassada a respeito de Robin Hood conta sobre um homem chamado Robin De Locksley. Este, após servir ao lado do Rei Ricardo em uma grande Cruzada, retorna para casa. Ao chegar, encontra seu feudo devastado pela tirania dos regentes, além de leis abusivas, e a proibição da caça como sustento ao homem comum. Indignado, ele se recusa a aceitar a situação, e é declarado fora da lei. Aproveitando seu conhecimento em cavalaria, arquearia e combate adquirido na guerra, ele une um grupo de foras da lei, e inicia um combate à tirania da nobreza, roubando dos ricos para dar aos pobres.” (Wikipedia)

As lutas de Robin dos Bosques na Floresta de Sherwood fazem parte do nosso imaginário infantil, sendo uma justificação que ao longo da história permitiu perdoar muita gente que não respeitou o princípio de que “os fins não justificam os meios”. Estava em causa a luta contra poderes arbitrários e hoje ninguém condena alguém que para lutar contra um ditador roubou um banco para financiar uma luta legítima ou que assaltou o quarte para terem as armas para se defenderem da ditadura.

Quando o senhor presidente, no decorrer de uma conferência de imprensa onde divulgou os resultados de uma auditoria que não passou de uma farsa setubaliana, ainda por cima muito bem paga, foi confrontado com uma pergunta de um jornalista que o questionou sobre um falso concurso lançado pela autarquia para lançar uma empreitada de uma obra que já tinha sido concluída há muito tempo, o senhor presidente teve uma saída heroica.

Que pelos alunos da escola que tinha sido inundada em consequência de uma inundação, que deve ser atribuída à sua própria incompetência e negligência teria muito gosto em ir para a cadeia. Enfim, com tanta situação duvidosa ainda o vamos ver alterar o famoso projeto da rede de autocarros elétricos para os Balurcos, optando por fazer uma carreira para Évora.

Agora, quando voltou a ser confrontado com o negócio de valores absurdos da aquisição, voltamos a ouvir o mesmo argumento, os seus mais próximos dizem que pelos moradores tinha de se fazer tudo e o próprio autarca não se cansa de se mostrar condoído com os moradores, os mesmos que na fase inicial do problema foram abandonados porque seriam “gente do Luís Gomes”.

O problema é que nem Portugal é Nottingham, nem a CM é a floresta de Sherwood, nem o Babitão é o João Pequeno o Álvaro Araújo não é o Robin dos Bosques e muito menos a Célia é a Lady Manrion. Vivemos em democracia e o primado é o da lei e não o princípio de que em Vila Real de Santo António “os fins justificam os meus”.

As regras da contratação pública, que mais não são do que a transposição das normas da EU, estão preparadas para todas as situações, desde a reparação da frente do Mercedes do senhor presidente que já precisa de ir para o bate-chapas, a um terramoto. Dizer que recorreu a um falso concurso, que fez publicar na Base Gov, para usar dinheiro que nem era da CM para reparar uma escola que se esqueceu de proteger, ou fazer um negócio imobiliários sem proceder a uma avaliação rigorosa da situação jurídica dos prédios e não assentando o processo negocial em avaliações rigorosas, é ignorar que exerce um cargo eleito, que gere um Município e aí deve obedecer ao primado da Lei.

Tentar iludir os eleitores, armando-se em Robin dos Boques é ridículo, em Portugal não há nem condados de Notingham, nem florestas de de Sherwood e muito menos Xerifes maus, isso é coisa de livrinhos de bonecos que o pola, o Setúbal e outros liam na infância. Portugal é uma democracia, os autarcas foram eleitos pra gerirem com base na lei e em vez de xerifes malditos há uma Procuradoria-Geral da República, que tem primeiro objetivo a defesa da democracia e assegurar que todos, ricos e pobres, políticos e cidadãos, empresas e indivíduos, respeitem a lei democrática.