O VISTO DE QUE O nosso senhor presidente NÃO FALOU




Ultimamente o nosso senhor presidente tem transformado os vistos do Tribunal de Contas como arma de arremesso político, passando a ideia de grande bandalhice no passado, por oposição ao exemplo de rigor do presente.

Quanto ao rigor voltaremos ao assunto a propósito do aumento da dívida do Município em cerca de 40 milhões de euros que o nosso senhor presidente pretende, sem explicações aos vila-realenses e sem qualquer visto do Tribunal de Contas. Agora vamo-nos ficar por um visto de que o nosso senhor presidente não falou.

No passado dia 18 de janeiro o nosso senhor presidente celebrou a comemoração do 133.º aniversário dos nossos Bombeiros com a celebração de um protocolo entre a AHBVVRSACM que asseguraria o financiamento desta corporação.

“Assim foi a cerimónia de comemoração do 133.º Aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António e Castro Marim.
Durante o ato, foi efetuada a assinatura de um Protocolo de Cooperação com os municípios de VRSA e de Castro Marim, acordo que permitirá a sustentação financeira e operacional da estrutura no âmbito da proteção civil e socorro.”

Como gosta tanto de fazer lá mostrou como é muito bonito com mais uma dúzia de fotografias em que aparece em primeiro plano. Enfim, desta vez e em nome dos nossos Bombeiros até perdoaríamos o estilo político um pouco narcisista do senhor.

O problema é que, afinal, os nossos Bombeiros ficaram a ver navios, no sentido figurado já que ainda estamos à espera de ver os grandes paquetes no Guadiana, como também foi prometido pelo nosso senhor presidente.

Além dos Bombeiros também todos nós ficámos a ver navios, já que desta vez o nosso senhor presidente optou por não falar de vistos. Compreende-se, não convinha dizer que depois de tantas fotografias acabou por ficar mal na chapa, já que o pedido de visto foi chumbado pelo Tribunal de Contas. Mas, desta vez o nosso senhor presidente não foi tirar fotos comemorativas com o Lima, nem sequer se deu ao trabalho de informar os munícipes.

O que diz o acórdão do Tribunal de Contas?

“O que se reconhece acontecer quando um determinado Município [o de Vila Real de Santo António] não tem fundos disponíveis que lhe permitam suportar o compromisso assumido referente à despesa gerada pelo contrato submetido à fiscalização prévia e não se encontra abrangido por nenhuma suspensão decorrente da utilização da utilização de financiamento destinado a reduzir os pagamentos em atraso no âmbito de um programa de assistência económica”.

Por outras palavras, quem não tem dinheiro não se arma em bom.

Pois é, o nosso senhor presidente pode ter um assessor de imprensa pago a peso de outro, pode meter os amigos e familiares na câmara, gastar dinheiro à tripa forra com bailes e fogos de artifício, o problema é que quando precisa de visto do Tribunal de Contas e por mais cunhas que tenha no governo ou no FAM, leva com esta resposta “o Município não tem fundos disponíveis”. É por isso que o nosso senhor presidente gasta muito quando não precisa de visto ou, quando precisa dele, dá cambalhotas dignas do Cirque du Soleil, para se tornar no autarca que mais endividou o Município durante um único mandato, sem que os órgãos municipais sejam ouvidos, sem que o Tribunal de Contas dê qualquer vista e sem sequer informar os munícipes da sua manobra ruinosa.

É caso para dizer que com as calças do ministro das Finanças sou um grande autarca.