Diz o povo que torto nasce tarde ou nunca se endireita e é o
que parece estar a suceder com o cada vez mais intrigante projeto do Cine Foz,
um grande empreendimento que começou com a constituição de uma empresa com um
capital de cem euros. A crer em declarações públicas essa empresa foi criada
para este negócio, quando o edital do qual resultou uma adjudicação duvidosa só
foi tornado público quase dois anos depois da constituição da empresa.
Um negócio que surge com este nascimento torto só poderia transformar-se
um negócio torto e o folhetim parece que continua, agora com mais uma cambalhota
artística.
Trata-se da Proposta n.º 61. Apresentada pelo executivo na
última sessão da CM, do passado dia 24, nos termos da qual a famosa empresa
Green Prime, com um capital de 100 euros vai prestar uma garantia por conta das
taxas e compensações financeiras que terá de pagar se o PRR não financiar o
projeto a 100%.
Isto é, depois de um verdadeiro folhetim em torno destas
taxas, onde o Araújo até avocou o processo mandando o Cipriano fazer campanha
para Castro Marim, o presidente da CM deu uma grande cambalhota, aquilo que não
tinha que ser pago passou a ter que ser pago. Mas que a empresa não pague
aquilo que deveria pagar vai constituir uma garantia, algo raro, senão mesmo
inédito em termos de taxas municipais.
Mas o que sucedeu, entretanto, para que a circunstância
jurídica se alterasse de forma a tornar exigível essa dívida? Nada.
O “combinado” era que a empresa pagaria as taxas se o IHRU
não aprovasse o projeto, sem que tivesse sido estabelecido qualquer prazo
limite, isto é, independentemente da morosidade da decisão do IHRU só quando
este instituto decidisse é que a isenção seria definitiva ou a empresa teria de
pagar.
Como não houve decisão fica por explicar esta cambalhota. Porquê
agora, porque não antes, porque não depois?
Bem só Deus sabe, mas cá para nós o povo também tem razão
quando diz que quem tem cu tem medo e alguém quer reescrever a história do
processo, até porque o PSD apresentou uma queixa-crime relacionada com esta
questão.
Na última reunião da Cm o Araújo ameaçou de forma subliminar
um vereador da oposição, sugerindo que este iria pagar em tribunal pelas declarações
públicas que fez a propósito daquela queixa-crime. E ainda disse que ele iria
rir no fim.
Veremos quem vai rir no fim deste processo.