Um dos lados mais obscuros da vida partidária é a OPA que
alguns partidos lançaram ao que vulgarmente se designa por economia social. Esta
partidarização das instituições desde setor não é casual, para além do peso
crescente da economia tem centenas de milhares de trabalhadores e condiciona a
família de muitas centenas de milhares de idosos.
É por isso que vemos cada vez mais a associação a este ou
aquele partido de comandante de bombeiros, de presidentes das mais diversas
IPSS e fundações ou provedores da Santa Casa da Misericórdia. Estão em causa
muitos negócios e muitos votos, quem controla estas instituições têm a cesso a
votos de muita gente vulnerável, à pressão sobre muitos trabalhadores e à
gestão discricionária de muitos negócios.
A esta teia junta-se o assalto a cargos de chefia de
instituições do ministério do Trabalho e Segurança Social, com muitos
dirigentes locais do IEFP ou da Segurança Social a serem nomeados por
influencia partidária, não nos surpreendendo que professores de espanhol, sem
quaisquer habilitações em matéria de emprego cheguem a chefe de repartição do
IEFP, beneficiando de condições partidárias favoráveis.
É cada vez maior a promiscuidade entre partidos locais e a economia
social, sendo evidente o assalto dos dirigentes locais dos partidos às
estruturas locais e distritais do Estado. Vimos isso no Algarve no tempo do
Luís Gomes, mas vemos agora com outros vice-reis que não exercendo qualquer
cargo público pedem explicações a dirigentes do Estado, mesmo sem qualquer
vinculo hierárquico.
Com IPSS para todos os gostos, multiplicam-se organizações
que se especializam na gestão dos apoios do Estado ou na ajuda alimentar. A Mão
Amiga de VRSA é um bom exemplo, tem sido uma espécie de joint venture entre
dois partidos e ao longo dos anos foi um pilar social e eleitoral da São e do
Luís. Esta promiscuidade partidária chegou ao ponto de um responsável partidário
e chefe de repartição local do IEFP ter pertencido aos órgãos dirigentes da Mão
Amiga. Para além de esta mistura ser questionável no plano ético, também é
questionável se alguém que atribui subsídios pode ser dirigentes de uma
organização que recebe subsídios.
Já aquando dos incêndios e Pedrógão tinhas assistido ao espetáculo
triste que nos foi proporcionado pela guerra feita perlo provedor local da Santa
Casa ao autarca local, sendo o primeiro o líder local do partido da oposição ao
partido do presidente da CM, quem não se lembra dos famosos mortos por suicídio
inventados por Passos Coelho, com base na informação do seu camarada provedor?
Agora estamos a assistir a mais um espetáculo de uma luta
política local, tudo porque é cada vez mais óbvio que o autarca de Reguengos é
um super gestor local. Mais uma vez pouco importa as pessoas e a luta partidária
em torno de um problema grave já chegou aos corredores de Lisboa.
Não seria mais saudável se os partidos deixasse à sociedade
o que é da sociedade, evitando o apodrecimento da democracia. Não vale a pena promover
o apodrecimento da mesma democracia de que depois se armam em grandes representantes
e defensores.