ATÉ AO ÚLTIMO TOSTÃO





Uma CM mesmo falida ainda é demasiado tentadora para que se vão embora, um autarca ganha mais na CM do que numa profissão comum, numa CM entre vencimentos e outras alcavalas ´+e possível remunerar familiares de uma forma mais vantajosa do que noutros serviços do Estado, com algum jeito ainda dá para ajudar nos passeios gastronómicos de confrarias excursionistas.

Estamos apenas falando de pequenos biscates pois o exercício do poder autárquico oferece um vasto leque de pequenos favores, principalmente se quem exerce o poder local for ao baú buscar velhos hábitos de outros tempos. É o caso de um autarca que numa praia foi ao bar pedir uma água e na hora da conta o dono do bar disse-lhe que era oferta da casa; algum tempo voltou ao mesmo bar para beber outra água, desta vez o dono do bar apresentou a conta, ao que o autarca respondeu que ia buscar o dinheiro à toalha, até hoje deverá andar à procura do sítio da praia onde deixou a toalha.

Há uma infinidade de expedientes e oxalá fossem tão inofensivos como uma água com gás ou mesmo com gás. Há muitas licenças para dar, muitas taxas para cobrar, muitas obras para mandar fazer, muitos assessores para contratar, muitas faturas de água para pagar. Mesmo que uma autarquia esteja literalmente sem dinheiro há ainda muito para oferecer.

É por isso que nalgumas autarquias a luta pela manutenção ou conquista do poder é uma luta de vida ou de morte, porque uns não querem largar o acesso à gestão dos dinheiros, enquanto outros lutam desesperadamente por acharem ser a sua vez. Daí às estratégia sujas como as ameaças, as chantagens e muitos outros truques, vale de tudo um pouco.

É uma luta de vida ou de morte porque quem tem o poder tem muito a perder e se foram cometidos crimes ou irregularidades o medo de que outros acedam aos arquivos justifica todos os meios de ataque aos adversários mais perigosos e incómodos.