A primeira vez que se sugeriu o apoio do Largo da Forca ao
candidato Álvaro Araújo, o inventor e homem dos araminhos desta personagem da
política local não invocou o empenho demonstrado na oposição, não foi a
competência e muito menos a inteligência, a integridade ou muitas outras
qualidades que são atribuídas aos bons políticos. O argumento do senhor do
candidato foi absolutamente execrável, absolutamente miserável e inaceitável.
Como os dos Luís Gomes conseguiam os votos dos eleitores com
as ajudas e demais truques o candidato ideal para os enfrentar era o Álvaro
Araújo porque o IEFP paga muitos subsídios. Sem uma mente muito viciada na
velhacaria, seria difícil encontrar argumento mais miserável e desrespeitados
dos que vivem no concelho. O que se pretendia dizer é que se combate a
corrupção de valores, a velhacaria, o oportunismo com a mesma corrupção de valores,
a mesma velhacaria e o mesmo oportunismo.
Isto é estar na escala zero da política, combate-se um
regime podre com alguém que tem como prolongar essa podridão. À incompetência
não se opõe a competência, à opacidade não se opõe a transparência, às
irregularidades não se opõe o rigor e respeito da lei. A quem usa os recursos
públicos para se conseguirem votos, opõe-se alguém que no exercício de funções
profissionais ao serviço do Estado também atribui subsídios.
Às vezes parece que o homem sofre do síndroma de Estocolmo,
depois de tantos anos a ser eleitoralmente humilhado pelo Luís Gomes acabou por
o admirar e por tentar imitar-lhe os métodos que lhe atribui. Se o Luís Gomes
ganhou com truques e velhacarias então vamos imitar-lhe as soluções ganhadoras
e em mais de uma ocasião nos pareceu que o Luís Gomes se tinha mudado. Aliás,
com o Álvaro Araújo tão próximo do Luís Gomes não seria de admirar que um dos
dois se bandeasse.
Este raciocínio miserável pressupõe que todas as pessoas
estão à venda ou que quem recebe um emprego ou um subsídio através do IEFP deve
ficar grato ao chefe da repartição local, ao ponto de votar nele, mesmo
considerando que outros candidatos são melhores. A verdade é que uma
responsável por uma pequena instituição local que nos elogiava nos contactos,
pouco depois de ter aparecido uma candidatura independente começou a colocar
comentários chamando-nos fascistas. A poção mágica parece ter funcionado.
Mas esta bela qualidade do candidato Araújo, conseguir votos
porque quem consegue um emprego no IEF ou recebe um subsídio deve ficar
eternamente grato ao chefe de repartição, ao ponto de prescindir da sua
soberania e liberdade de voto para passar a votar em quem deve ficar
eternamente grato, não serviu apenas para tentar “vender” o Largo da Forca a
tão generosa personagem, pelo que temos ouvido também é o argumento utilizado
no partido e isso é muito grave.
Quem pensa assim não tem lugar em nenhum partido de valores
e esperamos não só que o candidato Araújo leve a resposta eleitoral que merece,
como que os defensores deste nojo percebam que esse valores são incompatíveis
com a generalidade dos partidos.