DO RESFRIADINHO AO AUMENTO BRUSCO

 



Já tinha reparado que a nossa São de vez em quando não é lá muito competente e outras vezes parece não perceber que a mentira tem perna curta, já a ouvi a fazer falsas acusações ao primeiro-ministro e a deixar mal esses “senhores do FAM”. Mesmo assim esta autarca ainda nos surpreende e agora até nos proporciona umas gargalhadas.

Alguns políticos por esse mundo fora decidiram abordar a pandemia de forma muito original, como se mais do que uma questão sanitária fosse uma questão eleitoral. Trump está farto de dar cambalhotas e do Bolsonaro fica para a história ter considerado que a covid-19 não passa de um mero resfriadinho. Agora, aqui no nosso cantinho ficámos a ser que não há nenhum surto, não senhor, o que há é um aumento repentino, que não há nenhuma cadeia ativa, o que sucedeu é que algumas pessoas infetadas falaram com muita gente.

Podemos estar descansados porque graças à nossa São e à senhora que abana a cabeça quando ela fala na nossa terra tudo está bem, sempre esteve tudo bem. Até porque por aqui nem precisamos de testes ou de antivirais, juntam-se os autarcas que em tempos andaram a fazer palhaçadas na EN125, emitem um comunicado e o coronavírus foge que nem um desalmada, atira-se ao rio só para de nadar quando chegar a São Lucas do Guadiana.

Então, de um dia para o outro os casos passam de zero para mais de 30 e a nossa São diz que foi um aumento brusco? Há casos em Cacela, Monte Gordo, Vila Real de Santo António e Castro Marim e a senhor assegura que não é um surto, a culpa foi de um tagarela? Se não estivesse em causa a saúde pública era motivo para rir à gargalhada.

Agora parece que se lembraram de apelar ao civismo e suspenderam várias atividades. Mas três horas depois tínhamos um vídeo em direto a partir do centro da sede do concelho com um jantar de fados, onde se exibem mesas quase coladas umas às outras e apinhadas de gente sem máscara. E o que dizer das provas desportivas realizadas sem que ninguém soubesse, da total ausência de controlo nos mercados municipais, das esplanadas abertas até de madrugada ou dos assessores da senhora presidente que só usavam máscara quando entravam no edifício ou mesmo da presidente que se fez fotografar ao lado do seu colega de comunicado no Vasco da Gama num beberete que violava todas as regras?

Os outro dizia que é um resfriadinho e a nossa São assegura que não é surto nem há cadeias de contágio, o que ocorreu foi um aumento brusco (a partir de 0?) e que a culpa é dos tagarelas infetados que andaram por todo o concelho e arredores a falar com muita gente. Terão andado de carro ou de bicicleta?