ANDAM ASSANHADOS




Que esta equipa autárquica nunca foi unida já todos sabemos e com personagens poderosas como o contabilista, o cunhado do presidente ou a foto motorista a terem mais poder que os quadros dirigentes da CM, sem qualquer legitimidade política ou institucional não se podia esperar outra coisa.

Para conseguir chegar ao poder o Araújo sem ter um apoio de todo o aparelho local do seu partido tiveram de ser feitas muitas manobras, o que explica a sucessiva escolha de marionetas do contabilista para dirigir a seção local, marionetas de poucas capacidades mas que pelos serviços prestados conseguiram obter benesses, como foi o caso da Célia Paz que acabou por arranjar emprego na Odiana.

Agora a CM tem uma equipa curiosa já que o presidente é mal-amado por uma boa parte do PS local, dois dos seus vereadores são bandeados da CDU e a promissora filha do contabilista terá sido empurrada para renunciar ao mandato, dando lugar a um bandeado da CDU. É a ironia do destino, há anos que o contabilista tecia o golpe na CDU, que se veio a concretizar com a aparente traição do Babita e agora acaba relegado, até pelo próprio bandeado da CDU que ajudou a chegar a vereador.

Com a baixa prolongada do presidente da CM as coisas estão a complicar-se, já que agora é o Cipriano a ser de fato o presidente em exercício, com o Araújo a tentar mandar à distância com recados e telefonemas. E já há quem fale na possibilidade da sucessão, o qe para muitos funcionários e dirigentes da CM seria um grande alívio, já que o ambiente imposto pelo Araújo está deixando uma boa parte dos funcionários da CM à beira de uma crise de nervos.

Toda a gente sabe quais são as ambições do Cipriano e este não perde uma oportunidade para se demarcar de algumas reuniões do Araújo, nem se dando ao trabalho de o esconder nas reuniões que tem mantido com a oposição. Digamos que tudo o que está mal e é criticável é sempre responsabilidade do presidente.

Parece que o auge deste mau ambiente resultou de uma auditoria do Tribunal de Contas, cujas conclusões foram enviadas a todos os visados para efeitos de contraditório, envolvendo ex-autarcas e alguns funcionários e dirigentes da autarquia. O ex-presidente terá respondido ao TC por sua conta, enquanto o Araújo terá decidido propor a todos os outros visados, que a CM assumiria apoio jurídico na resposta, isto é, seria a CM ou os seus advogados a elaborar as respostas. Por um lado, poupar-lhes-ia nos custos, por outro concertaria uma resposta que, obviamente, deixaria isolado o ex-presidente da CM.

A manobra é eticamente duvidosa, mas alguns aceitaram a jogada e, ao que parece, coube ao contabilista concertar as respostas. O problema é que parece que este não o fez, isto é, as respostas não foram remetidas ao TB e os que confiaram na autarquia ficaram expostos às consequências. Ao que parece terão solicitado uma prorrogação do prazo para poderem responder, agora por sua conta e risco, sem contar com os préstimos da autarquia.

Como era de esperar quem ficou em má posição foi o contabilista, que tem cada vez menos apoios dentro do executivo, onde já perdeu apoios, para além de ter visto a sua filha fora dos jogos de poder. Resta agora saber se de que lado se põe o Araújo, se do lado do Cipriano ou do lado do contabilista.