Toda a gente tinha de o tratar por senhor presidente, nem os
do PS o podiam tratar por camarada, desde que chegou a presidente da CM que lhe
subiu a importância à cabeça, até parecia que algum furúnculo do foro
psicológico lhe tinha rebentado dentro.
Receber as pessoas? Não tinha tempo, mandava-as para o
cunhado, um conhecido especialista em delicadeza, amabilidade e boas maneiras.
E quando as recebia as respostas eram as do costume, que não fazia milagres ou
que não tinha varinha mágica.
Agora, de um dia para o outro e quando já se sente o pivete
da derrota no ar, o pobre já se imagina no ar, como se o tivessem atirar para o
rio. Agora é amável, dá beijinhos e abraços ao pessoal dos bairros sociais, ele
que sempre foi um homem muito dado e humilde, que sempre andou nos bairros aos
beijinhos e abraços.
Coitado, o que deve estar a sofrer e, pior do que isso, o
que irá sofrer depois de dia 12, quando tiver que regressar às aulas de
espanhol.