Um dos lados mais curiosos desta pantominice em que se
transformou o mandato do Araújo é o uso que ele faz do cargo e dos dinheiros da
CM não só para se promover politicamente na esperança de subir na vida, mas
também para se reinventar ou pelos menos reinventar a sua própria figura à
imagem e semelhança do que ele entende ser um grande político.
Longe vão os tempos do famoso vídeo de umas legislativas
onde o Araújo balbuciou pouco mais do que uma frase, sem ser capaz de o fazer
sem ler o papel. Ou na apresentação pública da sua candidatura numa conferência
dedicada ao tema do emprego e em que se limitou a tirar notas dos que os outros
diziam, num tema em que era suposto saber alguma coisa.
Mas como diz o povo com as calça do meu pai pareço um homem,
o Araújo parece dizer que com o dinheiro da CM pareço um grande político. Agora
tem quem lhe escreva os discursos, quem lhe escreva os textos, quem lhe meta as
cunhas, com os muitos milhões de euros da CM temos um Araújo renovado.
O problema é quando tem de abrir a boca sem que alguém lhe
tenha escrito a intervenção, basta ouvir os podcasts da CM ou da AM e vemos
logo o verdadeiro Araújo, para além de frases feitas só gagueja e quase sempre
passa a palavra a alguém, para se desenrascar.
Imaginem, agora foi falar na Assembleia da República, em
nome da Associação Nacional dos Municípios, onde está por escolha partidária e
não por mérito, sobre um tema sobre o qual deve saber tanto quanto o que sabe
de lagares de azeite.
O problema do Araújo ao querer inventar um Araújo que não
existe, parece resultar de ter uma má opinião de si próprio. Curiosamente, essa
deverá ser a única ideia do Araújo que partilhamos com ele.