0 BURRO ILUMINADO

 


Para se ser um dirigente bem-sucedido e competente não é necessário ser intelectualmente superior e nem mesmo ser especialmente habilitado, principalmente se estiver em causa uma grande empresa ou uma instituição do Estado.

Grandes empresas como os bancos, instituições como CM e os gabinetes dos ministros contam com quadros competentes, com muita experiência. No caso dos ministérios vemos primeiros-ministros que antes de serem eleitos não dão duas para a caixa, mas quando se apanham nos cargos já sabem falar de tudo com grande sapiência. É fácil, os gabinetes ministeriais não só podem contratar assessores, como contam com exércitos de quadros altamente qualificados nas direções-gerais.

Portante, se alguém sente que é menos dotado tem inteligência suficiente para em vez de improvisar, recorrer aos quadros com que pode contar. Conheci um dirigente de um banco, que por questões de privacidade não refiro o nome, que é um bom exemplo disso. Mas nas autarquias teremos mesmo muitos exemplos.

O problema é quando alguém é tão pouco dotado que deixa de ter consciência de que é aquilo que designamos por burro e por isso até se julga inteligente. E quando se faz uma carreira com cunhas políticas e se acendem a alguns cargos estes burros enganam-se a si próprios, julgando-se com méritos que não têm.

Quando o nível da burrice atinge este ponto de inflexão, onde se passa a ser demasiado por burro para se deixar de ter consciência de que é mesmo burro e começa a julgar-se inteligente, passamos a ter um burro iluminado.

O burro iluminado é que aquele que sem ter qualidades muito baixas capacidades intelectuais, perde a noção da sua condição e passa a pensar que ele é que sabe tudo. E aí vem a desgraça, a incompetência, o despotismo, o abuso a ilegalidade. Um burro iluminado não passa de um idiota sem travões.