Os últimos anos têm sido preocupantes no que respeita ao investimento, no setor do turismo foram feitos dois investimentos, o Grand House e a Pousada, enquanto assistimos ao encerramento de um hotel de grandes dimensões, o Yellow. O único projeto que foi aprovado recentemente na Praia da Lota é um projeto antigo, cuja aprovação se arrastou durante três anos. Entretanto, O Grand House já encerrou e quanto à pousada o mais provável é que vá pelo mesmo caminho, já que dificilmente uma unidade hoteleira deste tipo não procura o barulho em que se transformou a Praça MArquês de Pombal.
No setor industrial o último investimento foi da iniciativa
do Pingo Doce e o interlocutor foi a DOCAPESCA, isto é, não resultou de
qualquer medida de política económica envolvendo o governo ou a autarquia. Antes
desse investimento o único investimento significativo foi o que se realizou na transformação
de cannabis.
À margem de qualquer intervenção municipal ou mesmo
governamental, temos assistido a uma boa dinâmica no setor da agricultura, o
que se deve apenas aos projetos da responsabilidade dos produtores, sem
qualquer apoio ou envolvimento público.
No setor do comércio não se assistiu a qualquer investimento
relevante, o mesmo se podendo dizer de outras atividades de prestação de
serviços.
Esta situação é preocupante, se considerarmos um período
mais longo o cenário não é diferente e podemos falar de decadência. Nos últimos
dez anos a evolução da economia do concelho, assitiu-se a um período de
decadência, que não foi contrariada por uma unidade industrial de transformação
de cannabis, de dois pequenos hotéis de cinco estrelas e pouco mais. Apenas na
agricultura terá ocorrido algum crescimento positivo.
Isto significa que o concelho está mais pobre, os
vila-realenses ganham menos e os problemas sociais agravam-se. A população
envelhece e os idosos recebem pensões miseráveis, os jovens não encontram
oportunidades de emprego e muitos deles acabam nos POCs ou abandonam o
concelho. Ganha-se mal, comprar uma casa é um sonho, ganhar mais de 800€
mensais é quase impossível.
VRSA não está apenas cada vez mais pobre, está mais pobre do
que os concelhos vizinhos e situa-se na cauda da economia do Algarve, estando
ao nível dos concelhos rurais do interior. Porque estamos assim? É a pergunta
que fazemos aos vila-realenses para refletirem sobre o nosso futuro coletivo e
individual.