Muito graças ao discurso oportunista dos responsáveis autárquicos
criou-se a ideia de que a sociedade deve demonstrar gratidão a quem cria emprego,
podendo essa gratidão traduzir-se na falta de isenção na aplicação da lei, como
se criar emprego fosse um favor de tal grandeza que os criadores sejam
promovidos a cidadãos acima de todas as regras.
É bom recordar que nenhuma empresa é criada para criar
emprego, mas sim para gerar riqueza e lucro. Nos últimos anos o Estado tem
vindo a adotar politicas ativas de criação de emprego, subsidiando novos postos
de trabalho das mais diversas formas. Com a pandemia o Estado foi ainda mais
longe e cofinanciou a manutenção do emprego através do layoff, sendo certo e
sabido que daqui a um par de semanas alguns se vão gabar de o terem feito.
Graças precisamente ao Estado em VRSA temos assistido a dois
grandes esquemas de falsa criação de emprego, de que o Luís e a São não só
tiraram grandes proveitos eleitorais, como lhes permitiu dar bons rendimentos a
familiares e amigos à custa do dinheiro dos vila-realenses que pagam impostos,
sendo ridículo ver um concelho a pagar bem a alguns com o dinheiro cobrado em impostos e
taxas a uma maioria que ganha mal.
O outro esquema montado nos últimos anos e que deram muitos
votos à São beneficiou da colaboração de Álvaro Araújo, o chefe local da
repartição de emprego, homem que como é sabido sempre foi muito próximo de Luís
Gomes e até há pouco tempo era mais fácil de ser visto nos jantares de apoio político
ao ex-autarca do que em ações da oposição.
Através da Mão Amiga a repartição de emprego colocava mão-de-obra
barata e livre de despesas ao serviço da autarquia, um esquema que permitia à
São contratar amigos para não fazerem nada, porque para trabalhar o Álvaro
mandava-lhe trabalhadores pagos pelo Estado. Este esquema permitiu à São uma
base de apoio entre os pobres e o poder da Mão Amiga junto do IEFP parecia ser
tão grande que recentemente nada era feito apesar do atraso dos pagamentos por
parte desta ONG.
Há poucos dias o LdF questionou um empreendimento turísticos
e logo alguém se lembrou de invocar a criação de emprego, como se criar emprego
fosse um valor acima da legalidade, como se um empresário que cria emprego devesse
ter tolerância na aplicação da lei. As pressões vieram de quase todos os
quadrantes políticos. Ficou de fora a CDU que nestas coisas prima pela isenção
Devemos elogiar os empresários bem sucedidos e reconhecê-los
publicamente quando são competentes,
gera,m riqueza e são bons empregadores no sentido de que cumprem todas as
leis. Mas daí a que um dia destes aceitemos que alguém se lembre de transformar
a barquinha numa piscina privada de um qualquer hoteleiro local vai uma grande
distância. Em resposta aos recados que recebemos aqui vai um para quem os
mandou, o LdF defende a competência autárquica, a isenção do Estado e a igualdade
de todos os cidadãos perante a lei, ricos ou pobres, trabalhadores ou
empresários. As pressões aqui não funcionam.