CRIAR EMPREGO

Sapal Castro Marim - De volta á casa | View On Black In Expl… | Flickr




Muito graças ao discurso oportunista dos responsáveis autárquicos criou-se a ideia de que a sociedade deve demonstrar gratidão a quem cria emprego, podendo essa gratidão traduzir-se na falta de isenção na aplicação da lei, como se criar emprego fosse um favor de tal grandeza que os criadores sejam promovidos a cidadãos acima de todas as regras.

É bom recordar que nenhuma empresa é criada para criar emprego, mas sim para gerar riqueza e lucro. Nos últimos anos o Estado tem vindo a adotar politicas ativas de criação de emprego, subsidiando novos postos de trabalho das mais diversas formas. Com a pandemia o Estado foi ainda mais longe e cofinanciou a manutenção do emprego através do layoff, sendo certo e sabido que daqui a um par de semanas alguns se vão gabar de o terem feito.

Graças precisamente ao Estado em VRSA temos assistido a dois grandes esquemas de falsa criação de emprego, de que o Luís e a São não só tiraram grandes proveitos eleitorais, como lhes permitiu dar bons rendimentos a familiares e amigos à custa do dinheiro dos vila-realenses que pagam impostos, sendo ridículo ver um concelho a pagar bem  a alguns com o dinheiro cobrado em impostos e taxas a uma maioria que ganha mal.

O outro esquema montado nos últimos anos e que deram muitos votos à São beneficiou da colaboração de Álvaro Araújo, o chefe local da repartição de emprego, homem que como é sabido sempre foi muito próximo de Luís Gomes e até há pouco tempo era mais fácil de ser visto nos jantares de apoio político ao ex-autarca do que em ações da oposição.

Através da Mão Amiga a repartição de emprego colocava mão-de-obra barata e livre de despesas ao serviço da autarquia, um esquema que permitia à São contratar amigos para não fazerem nada, porque para trabalhar o Álvaro mandava-lhe trabalhadores pagos pelo Estado. Este esquema permitiu à São uma base de apoio entre os pobres e o poder da Mão Amiga junto do IEFP parecia ser tão grande que recentemente nada era feito apesar do atraso dos pagamentos por parte desta ONG.

Há poucos dias o LdF questionou um empreendimento turísticos e logo alguém se lembrou de invocar a criação de emprego, como se criar emprego fosse um valor acima da legalidade, como se um empresário que cria emprego devesse ter tolerância na aplicação da lei. As pressões vieram de quase todos os quadrantes políticos. Ficou de fora a CDU que nestas coisas prima pela isenção

Devemos elogiar os empresários bem sucedidos e reconhecê-los publicamente  quando são competentes, gera,m riqueza e são bons empregadores no sentido de que cumprem todas as leis. Mas daí a que um dia destes aceitemos que alguém se lembre de transformar a barquinha numa piscina privada de um qualquer hoteleiro local vai uma grande distância. Em resposta aos recados que recebemos aqui vai um para quem os mandou, o LdF defende a competência autárquica, a isenção do Estado e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, ricos ou pobres, trabalhadores ou empresários. As pressões aqui não funcionam.