A MÃO AMIGA DEVE SER RIGOROSAMENTE AUDITADA


 


Quando se olha para a demonstração de resultados de 2018 salta à vista os 359.798,79€ na conta de “outros gastos e perdas. Como é que numa conta residual de uma pequena instituição surjam 360 mil euros, praticamente um quarto dos subsídios que recebeu? Com os custos de pessoal e  a aquisição de bens alimentares devidamente ventilados que grande despesa aparece atrás desse número?

Tivemos de ler o Relatório de Contas com alguma atenção e ficamos a saber que “a instituição apoia pecuniariamente famílias desfavorecidas que têm encargos aos quais não conseguem fazer face”.

Acontece que esses “envelopes” passaram de cerca de 150.000€ em 2016 para mais do dobro em 2017 e no ano seguinte, em 2018, desceram para pouco mais de 50mil euros. Olhando para esta evolução somos levados a concluir que algo de muito rave, um verdadeiro cataclismo social terá ocorrido nesse ano de 2017, já que com apesar de toda a desgraça que temos vindo a assistir ninguém viu resultados práticos de tanta generosidade por parte da dona Lídia. Até porque na assembleia geral de aprovação destas contas quem mais se destacou na ata pelos elogios presidente desta IPSS foi precisamente um tal Álvaro Araújo que se desfazia em enaltecimentos à bondade da senhora, sinal de que nesse ano essa bondade foi mesmo muito importante:

“Seguidamente pediu a palavra o Dr. Álvaro Araújo do IEFP local que elogiou mais uma vez o exemplar trabalho da Mão Amiga em prol dos mais necessitados do Concelho de Vila Real d Santo António e sobretudo o denodo e sacrifício da Senhora Presidente da Direção Dª Lídia Machado”

E de onde veio tanto dinheiro para os donativos, vulgo envelopes com dinheiro? Pois é, veio de outra alma bondosa da terra, da Sanita, ou melhor, do Município mais arruinado do país.



As contas não enganam, são como o algodão do anúncio televisivo. Se na demonstração de resultados aparecem 360 mil euros, os donativos são mais de trezentos mil euros. E é o próprio relatório que diz de onde vem o dinheiro.

Mas como é que se pode explicar que apesar de autorizada pelo governo para falhar as metas do FAM durante os primeiros meses da pandemia a CM não deu nada a ninguém, apesar de estar +perante uma situação social tão grave e em 2017, quando a economia estava bem e nada de especial ocorreu se tenha assistido a um aumento brutal destes apoios pecuniários?

Já toda a gente percebeu o que aconteceu em 2017 e que justificou tanta generosidade por parte da Sanita, que se traduziu em generosos envelopes distribuídos pela dona Lídia, a tal senhora a quem o tal Álvaro Araújo elogiou o “denodo e sacrifício da Senhora Presidente da Direção Dª Lídia Machado”. à frente do “exemplar trabalho da Mão Amiga em prol dos mais necessitados”.

Pois, a dona Lídia teve um grande denodo e sacrifício a distribuir votos em anos de eleições, já que em 2018 os envelopes ficaram vazios.

Como é possível que “esses senhores do FAM” tenham ignorado a lei do FAM, ignorando a sua obrigação de fazer respeitar a lei que rege o organismo que dirigem, permitindo esta bandalhice financeira em ano de eleições, tendo permitido à Sanita esta forma descarada de gerir dinheiros públicos em ano de eleições?

Como é possível que um responsável local de um instituto público vá verter tanta baboseira para a ata da reunião, chegando ao ridículo de perante estes números (pornográficos como diria o seu mentor partidário) chegando ao ridículo de lermos na referida ata que “De novo o Dr. Álvaro Araújo pediu a palavra e começou por reforçar as palavras proferidas pela Presidente da Direção, dizendo que a missão da instituição “Mão Amiga” é solidariedade social, não havendo portanto lugar a assuntos de cariz partidário e que todos devem estar unidos nesta obra benfazeja”. Há vezes dá jeito ter a noção do ridículo…

Estes números deviam suscitar algumas perguntas por parte de alguém que seja honesto e defenda a legalidade e rigor na utilização de dinheiros públicos:

Quais os critérios para a concessão definidos pela CM já que se trata de dinheiro do Município?

Quais os documentos comprovativos da concessão que existem?

O dinheiro foi concedido em numerário ou por transferência?

Que documentos de avaliação das situações existem em cada processo de apoio pecuniário?

Que técnicos avaliaram as situações?

Onde consta a lista de apoios?

Sendo a Mão Amiga uma IPSS isso significa que não é propriamente uma baiuca, estando sujeita à lei, pelo que defendemos que toda a atividade da Mão Amiga nos últimos anos deve ser rigorosamente auditada pela Inspeção-Geral de Finanças. Aliás, defendemos que essa auditoria deveria ser alargada às relações financeira entre esta IPSS e a CM por um lado e o IEFP por outro.