Álvaro Araújo defendia em 2007 que não era "contra a atribuição de subsídios a países carenciados", o problema estava apenas nas contrapartidas. Estava em causa uma "ajuda de 150.000 euros por um Município que já estava endividado.
O Papa Doc do Haiti tinha os Tonton Macoutes para perseguir os adversários do regime, no Brasil os coronéis tinham os jagunços, os nossos ditadores recorriam a gorilas nas universidade e aqui na nossa terra andam por aí uma espécie de Araújos anónimos que vigiam quem incomoda o seu candidato, difamando, fazendo falsas acusações e agredindo tudo o que possa prejudicar a bela personagem.
Todos sabemos que em matéria de conivências com o Luís Gomes o candidato escolhido pelo Rui Setúbal tem mais palha no rabo do que a do nosso chapéu. Durante algum tempo o Rui Setúbal tentava fazer crer que era tudo mentiras propaladas por uma poderosa “central e informação do Luís Gomes”. Só que o argumento não convence ninguém e agora surgiram esta espécie de Araújos Anónimos que vigia as redes sociais e tentam calar todos os que ousem criticar o candidato.
Já algum tempo os senhora da moca virtual tinham tentado sugerir que as críticas ao candidato assentam em fake news, designadamente a história dos 150.000€ que o Município gastou com um infantário na terra do ditador Cubano Fidel Castro. Desta vez a candidatura independente ‘Construir o Futuro’ fez uma referência ao assunto e ao Araújos Anónimos aproveitaram para desencadear uma orgia de ataques violentos.
Graças aos Araújos Anónimos ficámos a saber que em 2007 o
então vereador do PS e desde há muito candidato a candidato a presidente da CM,
respeitou a disciplina de voto no caso do infantário na terra do Fidel, tendo
votado com as sua bancada neste assunto.
Mas vale a pena esmiuçar este processo e para isso recordamos ao grupo
dos Araújos Anónimos, que lembram muito a linguagem contabilística e político
do líder da bancada do PS na AM, o Rui Setúbal, que a ata da reunião de câmara
não é a única peça para uma avaliação política dos comportamentos da época.
Ainda assim, vejamos o que consta na ata com base na qual os
Araújos Anónimos chamam aldrabão ao putativo candidato autárquico Marcelo
Jerónimo, agradecendo desde logo a estes Tonton Macoutes virtuais a divulgação
da referida ata, sinal de que têm um grande arquivo das decisões municipais. Ao
lermos a ata oportunamente divulgada pelos Araújos Anónimos e sublinhada pelos
ditos ficamos a saber qual foi a posição do vereador Araújo, bem como dos seus
pares:
"Propomos que a
proposta do Sr. Presidente seja retirada e juntar um parecer jurídico a atestar
a legalidade da mesma".
Isto é, não só não se votou contra a proposta da CM, como se
admitiu-se implicitamente uma segunda votação ao propor-se que se juntasse à
proposta um parecer jurídico a atestar a legalidade da mesma". Isto é,
formalmente nem o PS nem o vereador Araújo votaram contra, nem se manifestaram
sobre o conteúdo da mesma, defenderam que a proposta fosse retirada,
supostamente por duvidarem da legalidade desta despesa.
Ao defender que a proposta fosse retirada por se duvidar da
legalidade da despesa, estava-se a admitir que voltasse a ser apresentada e
nunca saberemos qual teria sido a orientação de voto.
Mas o assunto não ficou encerrado por aqui. Estávamos em 7
de fevereiro de 2007, mas a 23 de abril o assunto volta à baila e o jornal do
Barlavento dá conta disso.
O jornal, com base na nota da agência Lusa, noticiava que o
PS tinha emitido um comunicado onde afirma contra aquela decisão e acrescentava
que ia “pedir que seja fiscalizada a legalidade”, o que era coerente com a
posição assumida. Referindo-se ao
comunicado o Barlavento acrescentava:
«“No mínimo, parece pouco coerente um município de um país
da União Europeia transferir financiamentos para um Governo de outro país fora
da União”, argumentam os socialistas, frisando que se trata de uma
transferência directa para o Governo cubano, através do Ministério do
Investimento Externo daquele país.»
Desta vez os vereadores do PS foram claros e ainda fizeram
mais uma acusação grave, a de que o dinheiro tinha ido para uma conta do
governo cubano. E perante estas acusações qual foi a posição do então vereador
Álvaro Araújo? Foi a de alinhar com os seus colegas?
Não, parece que o então vereador Álvaro Araújo decidiu
“fazer xixi fora do penico” e aproveitou a presença do jornalista da Lusa para
se demarcar da posição dos outros vereadores. Divulgava o Barlavento que:
«Em declarações à Lusa, o vereador socialista Álvaro Araújo
desvalorizou algumas das críticas feitas pelo conjunto dos deputados municipais
do PS, mas reafirmou a sua oposição ao protocolo.
“Não somos contra a atribuição de subsídios a países
carenciados, mas as contrapartidas dessa atribuição é que deveriam estar
explicitadas no protocolo”, observou Álvaro Araújo.»
Pois é, o distinto vereador não só deu uma facadinha nas
costas dos seus colega, desvalorizando os seus argumentos, como defendeu que
não era este tipo de ajudas a “países carenciados”, o problema estava apenas
nas contrapartidas. Isto é, enquanto o PS defendia que estávamos perante uma
ilegalidade, para o vereador Araújo o problema estava apenas nas
contrapartidas, algo bem diferente. Enquanto o PS falava de financiamento ao
governo cubano este belo vereador designava a coisa como ajuda a países
carenciados, achava que o nosso Município tinha dinheiro para ser uma Mão Amiga
à escala mundial!
O mais engraçado é
que esta boa alma defende a ajuda a países carenciados, como se estivesse num
Município cheio de dívidas, mas mesmo sendo carenciados acha que devem dar
contrapartidas em troca! É aquilo a que se designa por alma caridosa e
desinteressada…
Como era de esperar o então presidente Luís Gomes esclareceu
o jornalista sobre as muitas contrapartidas dadas pelo governo cubano a Vila
Real de Santo Antônio, pelo que estamos certos de que assim o Álvaro Araújo
ficou mais descansado, os pobres levaram ajuda mas pagaram com contrapartidas.
É óbvio que as posições do vereador Álvaro Araújo estavam bem mais próximas das
do LG do que do seu partido.
Só mais um pequeno pormenor que não é coisa de somenos,
Marcelo Jerónimo fala em mais de 100 mil euros e os gorilas virtuais dos Araújos
Anónimos corrigiram para 50 mil, como se fosse mais uma mentira. A verdade é
que aquilo que este Município sem dinheiro para pagar um penso rápido mandou
para a conta do governo cubano a quantia de 150.000 euros, já que o montante
enviado em 2007 foi apenas uma tranche. O esclarecimento é dado pelo próprio
jornal Barlavento que adiantou “Por outro lado, salientou que a verba de 150
mil euros será repartida por três anos, ao ritmo de 50 mil por ano, até 2009.”
O candidato Marcelo mentiu? Não, não mentiu.