Quando vemos um pavilhão da CP, junto a linhas de caminhos
de ferro vem-nos à memória as imagens dos pavilhões do campo de concentração de
Auschwitz. É por isso que o já famoso pavilhão que o Araújo quer usar para
albergue não se sabe bem de quê arrisca-se a ficar com a designação de Pavilhão
de Auschwitz.
A quem se destina este pavilhão?
Quando questionado numa Assembleia Municipal o Araújo deu
muitas cambalhotas, mas não soube explicar. Que se destinava a estudantes
africanos da escola de turismo durante os meses de verão, que iria alojar
emigrantes, que se destinava a situações de calamidade, que iria ser usado por
sem abrigos, por toxicodependente é que não. Isso apesar de a ONG de Faro que
supostamente irá gerir o espaço se destinar a essa área.
Quanto a calamidades a última que ocorreu por estas bandas
foi o Terramoto de 1755. A não ser que alguém se lembre de referir a gestão do
Araújo como mais uma calamidade, no que concordaremos.
Mas se não é destinado a toxicodependentes como explicar a
presença de psicólogos na equipa que estará no espaço, como disse o Araújo?
Será para tratar das saudades de casa dos estudantes, por não irem de férias?
Vila Real de Santo António não tem um problema de sem
abrigos que justifique a instalação de um pavilhão, a não ser que o Araújo
apela à sua vinda para os recensear em VRSA e depois votarem nele, como parece
que está fazendo com outros grupos sociais.
Vila Real de Santo António está longe de ter os problemas de
Odemira para que a instalação de emigrantes
seja uma preocupação autárquica e muito menos uma prioridade.
Se o problema é instalar alguns estudantes não nos parece
que esta seja a solução, até porque todos sabemos que o Araújo gosta muito de
fazer adjudicações diretas ao Hotel Apolo dos seus amigos.
Mas se Vila Real de Santo António não enfrente estes
problemas porque será que a meio do
mandato o Araújo se tenha lembrado de promover este projeto, que servirá meio
Algarve, logo na nossa terra, que nem tem ula localização geográfica central em
relação à região que vai servir. Não vai criar emprego, apenas gerar problemas
que não existiam e preocupar pessoas que legitimamente viviam tranquilas.
A razão deste projeto é apenas uma a ambição do Álvaro de
Araújo de se promover a nível nacional, usando os dinheiros da CM e a tranquilidade
dos vila-realenses para se autopromover, na esperança de conseguir um tacho,
agora que já não tem a cunha do Luís Gomes e perdeu as do PS, arriscando-se a
ter de voltar a dar aulas de castelhano, a partir de outubro do próximo ano,
quando corrermos com ele para fora da CM.
Faz algum sentido instalar este projeto junto às linhas de
comboio, no fim da linha, como se fosse Auschwitz?
Sejam, sem-abrigos, toxicodependentes, estudantes africanos
ou sem abrigos, é pouco digno em termos humanos, instalá-los naquele espaço.
Esta é uma abordagem dos problemas típica do século XIX. Miserável. Falar de
preocupações sociais é gozar com a nossa inteligência, aquilo vai ser uma
vergonha.
O espaço é inadequado e nada ajuda à integração seja de quem
for que precis e de ajuda, só por si constitui uma marginalização social. É
puro oportunismo, aproveitar os dinheiros do PRR para inventar obra e usar o
projeto para promoção política pessoal, daí que o Araújo, tão animado com a ideia,
ainda não fez nada e já anunciou que iria convidar o Presidente da República e
o presidente da CM de Lisboa, para virem a VRSA para conhecerem a sua grandiosa
obra na integração dos sem-abrigos.
Haja vergonha.