A DECADÊNCIA LOCAL DO PS E PSD

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Ao nível nacional as lideranças dos grandes partidos estão sujeitas ao escrutínio de todos os seus militantes e da comunicação social, sendo mais difícil que personagens que nada tenham que ver com os seus valores cheguem ou se mantenham na sua liderança. Pode suceder que um militante mais trapalhão, como o Pedro Santana Lopes, chegue à liderança, mas a sua queda é uma questão de tempo.

Já ao nível distrital e local estes partidos podem ser liderados por gente cujos valores nada têm que ver com os do partido ou por gente que chegada ao poder não resistem às tentações dando razão aos anarquistas quando dizem que o poder corrompe. Há um imenso submundo regional e local, que muitas vezes se escapa ao escrutínio do jornalismo, dos órgãos inspetivos e mesmo da justiça, fazendo nascer aquilo que ainda ontem alguém da terra designou por polvo.

Quando Luís Gomes estava na CM acumulou todos os poderes locais e regionais, mais do que um autarca ele foi um dos mais poderosos vice-reis que Algarve. Liderava o PSD local e regional, pagava fortunas à PMLJ de Morais Sarmento (o que a espertalhona da São continua a fazer), gastava muito dinheiro com gente com acesso à comunicação social e nem, vale a pena falar dos famosos almoços com peixinho fresco numa tasca do Mercado Municipal.

Luís Gomes não mandava apenas na CM, mandava em instituições regionais como a APA ou a CCDR e até parece que era ele que escolhia quem mandava na DOCAPESCA. Tinha boa relações com Passos Coelho, vendeu o negócio de gente de quem se diz que eram próximas do então primeiro-ministro. Foi neste tempo que o José Apolinário apareceu à frente da DOCAPESCA e nasceu o futuro projeto para a Muralha.

Entretanto, encomendava estudos a gente grada do PS, uma aposta que se revelou certeira pois quando Costa chegou ao governo Luís Gomes tinha uma relação privilegiada com a poderosa Ana Paula Vitorino. Coincidência das coincidência, o Apolinário da DOCAPESCA chega a secretário de Estado e pró uma carta que escreveu ao público não escondeu a admiração por Luís Gomes e o desprezo pelo Rui Setúbal, o novo senhor do PS local.

Todo este imenso esquema se desmoronou, a São ficou com a CM e as suas dívidas, com a saída da Ana Paula Vitorino perdeu a ponte com o governo e não controlava instituições como a APA ou mesmo a DOCAPESCA, como noutros tempos. O poder desmoronou-se e agora assistimos a uma verdadeira luta de gangues, quem manda na CM não tem apoio do poder central e quem tem cunhas no poder central não manda na CM.

Do lado do PSD vemos uma São Cabrita a lutar desesperadamente contra Luís Gomes que controla Faro, é uma luta fratricida que dificilmente acabará em acordo e que nada tem que ver com valores do partido, é apenas a luta desesperada por controlar o dinheiro e o poder da CM. Do lado do PS não assistimos ao mesmo espetáculo degradante porque o grupo que agora por ali manda deu o seu golpe de forma silenciosa e mais manhosa.

Nem uns são social-democratas no sentido dado por Sá Carneiro a este estranho conceito luso de social-democracia, nem os do PS têm o que quer que seja a ver com os valores social-democratas de um Mário Soares socialista, laico e republicano, Aquilo que se passa em VRSA nada tem que ver com os valores destes dois partidos, é pura luta pelo poder e pelo acesso à gestão dos dinheiros e das licenças.