FINANCIAMENTOS PARTIDÁRIOS

Série “Europa”




Há uns tempos atrás um conhecido empresário local da hotelaria recorreu ao seu Facebook para dizer a um partido que não voltaria a emprestar-lhe salas, como sucedia até então. O empresário estava zangado com as críticas feitas ao bar de sonho da Praia dos Três Pauzinhos.

O interessante daquela posição é que tornava óbvio que não há almoços grátis e que se financiava atividades de um partido esperava em troca o seu silêncio perante situações duvidosas. Ao que parece já foram feitas as pazes, já que o lançamento público do seu candidato autárquico, num promissor dia 7 não só contou com importantes recursos de um hotel, como o empresário até deu o seu contributo com um discurso.

Vamos partir do princípio de que estas salas, incluindo a sala de conferências e serviços de apoio deram lugar a pagamentos de acordo com a tabela ou foram registados como financiamento partidário. O que resulta deste incidente é que um mero empréstimo de uma sala parece ter preço.

Este pequeno mas significativo incidente coloca a questão das relações entre empresários e políticos, o que nos obriga a questionar se as ajudas de alguns empresários a alguns políticos são um contributo para a democracia ou uma forma de ter os políticos cativos dos seus interesses. Ao serem ajudados e com essa ajuda conseguirem ser eleitos os políticos sabem que se não forem “simpáticos” deixam de ser eleitos e podem perder muito com isso.

Nas últimas eleições autárquicas em VRSA vimos uma candidatura esbanjar dinheiro, contando inclusive com apoios pró bobo, como se soube pela comunicação social o que, no mínimo foi mais do que duvidosos. De um lado tínhamos candidatos mais ou menos abonados e do outro candidaturas com os recursos mobilizados pelos seus militantes.

É evidente que os empresários podem envolver-se na política como qualquer cidadão e nessa condição e temos em termos locais ou nacionais bons exemplos disso. Mas também sabemos dos muitos interesse que giram em torno de terrenos com os do parque de campismo, os muitos terrenos sob jurisdição da DOCAPESCA ou o impacto patrimonial que podem ter as alterações do PDM.

Isto leva-nos a desconfiar de que o envolvimento de alguns empresários locais com candidatos autárquicos nem sempre é isento de interesses. Há mesmo alguns empresários locais que em tempos andaram com o Luís Gomes ao “colo” e que agora parece quererem uma mudança.

Talvez seja tempo de deixarem a democracia funcionar e que as eleições deixem de ser decididas pelo dinheiro e pala capacidade deste para ganhar voto de alguns eleitores.