OS DINHEIROS DAS PRESIDENCIAIS

 


Já vimos campanhas presidenciais envolvendo grandes investimentos, quando o tempo dedicado pelas televisões era visto religiosamente pelas pessoas a publicidade aos candidatos podia decidir eleições. Hoje, com as redes sociais e a multiplicidade de canais de televisão e de estações de rádio alguns meios publicitários chegam a ser arcaicos. 

Entrar numa cidade como, por exemplo, Vila Real de Santo António e em cada rotunda termos a vista poluída por outdoors dos mais diversos tamanhos, a maioria dos quais de qualidade estética mais do que duvidosa (como os outdoors do candidato do Rui Setúbal) é deprimente, somos transportados para os subúrbios de uma qualquer cidade de África ou da América Latina. 

Ao gastarem quantias irrisórias os candidatos às presidenciais dão um exemplo de civismo e de modernidade. O candidato que mais gasto é o João ferreira, mas se dividirmos os 150.000€ que declarou ir gastar isso representa uma despesa de cerca de 500£ por cada concelho, muito menos do que o candidato do Rui Setúbal já gastou só para dizer-nos para acreditarmos num candidato em que ninguém acredita. Os dinheiros da campanha nacional de Marcelo Rebelo de Sousa nem dava para a campanha de outdoors de alguns candidatos locais. 

É uma opção inteligente por parte dos candidatos presidenciais, tanto mais que em tempos de muitos portugueses sofrem as consequências diretas e indiretas da pandemia, com a doença e a fome a alastrar, atirar dinheiro à rua com publicidade cara é quase uma ofensa. Ainda por cima, com o início da pré-campanha a cair em cima da quadra natalícia estas despesas seriam uma provocação. Imaginem o nojo que seria um candidato presidencial lançar uma mega campanha de outdoors tentando associar a sua mensagem política aos valores do Natal? Meteria nojo. 

Ao contrário do que sucede em campanhas autárquicas, onde o excesso de dinheiro pode ser considerado um indício de coisas muito feitas, não seria difícil a um candidato como Marcelo “arrebanhar” alguns  milhões para a sua campanha. Ao juntar-se a outros candidatos, como Marisa Matias, Ana Gomes ou João ferreira, que ninguém imagina a trocar dinheiro por favores, Marcelo estabeleceu uma norma para a política portuguesa: quem tem valor e é honesto na política não precisa de promover a imagem com recurso a montes de dinheiro que em tempos de crise ninguém consegue perceber de onde vem. 

Esperemos que os candidatos autárquicos de VRSA sigam o exemplo de Marcelo e que não se repita o esbanjamento de dinheiro que vimos noutras campanhas, até que mereceria alguma reflexão o fato de um concelho tão arruinado ser o que apresenta candidatos autárquicos mais endinheirados, até parece que nalgumas candidaturas chove dinheiro.