Depois de um longo silêncio de oito dias sem qualquer informação
sobre os casos de coid-19 no concelho, a presidente da CM decidiu escolher o
fim do ano para nos dar mais uma das suas boas-novas, já depois do habitual
post de fim de ano, somos surpreendidos ao fim do dia pelo mais estranho desejo
de boas entradas, um boletim epidemiológico dando conta de 16 novos casos no
dia 31 de dezembro?
Desde o último boletim epidemiológico não são certamente. Se considerarmos os dados do último boletim, emitido no dia 23, reparamos que há mais 19 casos, mas se compararmos o número de casos confirmados a o aumento registado durante este período [327-285] é de 42. Este será o único número que nos permite aferir a dimensão do surto de covid-19 que grassa no concelho. Numa população de menos de 20.000 pessoas temos uma média de mais de cinco casos por dia.
Qual a gravidade da situação? Estamos perante um fenómeno localizado num bairro ou numa instituição ou há contágio comunitário? Onde surgiu o ou onde surgiram os surtos? Nem uma palavra, silêncio absoluto. Quem um dia pensou que o covid-19 a ia ajudar a fazer esquecer três anos de incompetência remete-se agora ao silêncio. Já não dá entrevistas ao Mendes, já não diz de manhã, à tarde e à noite que é a responsável n.º 1 da Proteção, já não instala hospitais de campanha, já não nega que há surtos considerando no melhor estilo do Bolsonaro que é apenas um aumento repentino de casos.
É óbvio que nem a presidente da CM nos livrou do covid-19 com a meia dúzia de garrafas de lixivia com que lavou algumas ruas para as fotografias do Tiago, nem podemos dizer como um conhecido Araújiano anónimo que a culpa é dos vila-realenses e que a coisa só vai com chicote, nem a incompetência da CM promove a contaminação, nem o fascista que se disfarça de democrata exemplar consegue travar a pandemia. Precisa-se de uma comunicação séria.
Quando os casos se multiplicavam no concelho na segunda quinzena de setembro a propaganda da São, a que aderiram alguns comerciantes mais gananciosos, visava abafar a realidade. Agora e quando a situação é mais grave do que alguma vez foi a presidente da CM remeteu-se ao silêncio e faz de conta que mora em Aiamonte.
Como sempre aqui foi dito a pandemia combate-se com verdade e com boa informação. É preciso que as populações sejam alertadas, que saibam os riscos que correm em função do seu comportamento e do risco de estarem em locais ou zonas onde se regista contaminação comunitária.
Vivemos num concelho onde nem sequer há continuidade
geográfica, onde a Altura fica mais próxima da Aldeia Nova do que de Cacela,
conde o território se distribui por três freguesias. Não é a mesma coisa termos
três surtos nas sede das freguesias ou um grande surto em Cortes Martins. As pessoas
devem ter cuidado e para isso devem ser bem informadas. Cabe à CM informar com
honestidade, mas é isso que não tem sucedido, parece que a primeira prioridade
da presidente da CM não é a saúde dos munícipes, mas sim a sua imagem
eleitoral.