A DIMENSÃO REAL DE UMA TRAGÉDIA

 


Quando lemos no boletim epidemiológico de ontem (dados relativos ao dia anterior, quarta-feira) podemos concluir que são poucos casos. Em termos relativos parece, talvez por isso a autarquia, de forma manhosa, quando deixou de esconder a realidade, passando a publicar os dados diariamente, começou por inserir nos boletins também os totais nacionais. As poucas dezenas de casos, que quase chegaram às cinco, eram valores irrelevantes quando comparados com os dados nacionais.

O problema é que a comparação faz sentido se questionarmos quantos casos teria VRSA se a sua população fossem os dez milhões de Portugal. Dezasseis casos em VRSA equivaleria a termos 8.000 em Portugal, quando o país resgistou 3.480. O total de óbitos em VRSA foram de 17, o que equivaleria a 8.500, quando no país se registaram 14.885. O total de casos confirmados até à data equivaleriam a 576.500, contra os 778.369.

Não vamos questionar responsabilidades, senão teríamos de o fazer à luz das declarações, proferidas ontem no debate parlamentar de aprovação do estado de emergência, por Rui Rio, presidente do PSD:

“Se Portugal tem sido o pior do mundo no combate à pandemia é porque quem nos governa não tem estado plenamente à altura das responsabilidades que foi chamado a assumir.”

Sabemos que ao nível local os araujianos anónimos têm vindo a defender publicamente que o PSD local não tem quaisquer responsabilidades, isso apesar de a presidente da CM ter vindo várias vezes a fazer surf nos resultados da primeira vaga. Um dia destes faremos o balanço das intervenções dos responsáveis autárquicos eleitos pelo PSD.

Pela comparação “ganhamos” ao país pelo menor número de mortos e pelo menor número de casos confirmados. O número mais reduzido de óbitos pode ser explicado pelo facto de, felizmente, a pandemia não ter “entrado” nos lares, o que devemos agradecer aos responsáveis técnicos pela gestão destas instituições. O menor total de casos explicados resulta de a terceira vaga ter chegado mais tarde.

Mas como diria Rui Rio neste momento somos recordistas, e quando tivemos mais de 40 casos fomos uma Manaus na margem do Guadiana. Como se explica isto?

Em VRSA quase toda a atividade económica está paralisada, depois do feriado nacional de Espanha quase ninguém atravessa a fronteira, os hotéis estão fechados ou quase às moscas, os visitantes que temos são os atletas que viram em VRSA um os poucos locais do mundo onde ainda se pode treinar, Não há transportes públicos apinhados. Como é que um concelho que fixou isolado, que tem a sua atividade económica quase toitalmente paralisada desde meados de Outubro, se transformou em poucos dias Noam Manaus, com um número de novos casos que foram sucessivos recordes mundiais.

Que fenómeno explica isto? Será a culpa é dos vila-realenses que como defende o anormalão do araujiano anónimo que defende que só lá vamos com chicote? É pena que os políticos do Centrão, uns através da rádio e outros através de páginas típicas de fascistas, evitam o debate. Porque será que o PSD na capital usa a pandemia para obter resultados políticos, enquanto o PSD de VRSA diz na Rádio Guadiana que não deve haver politização da pandemia, contando com o apoio do araujiano anónimo, que todos sabemos quem é.

PS: A presidente da CM do PSD disse ontem que deveríamos confiar nos dados da CM Estamos de acordo com ela, só lamentamos que tenham passado a divulgar diariamente os dados quando percebeu que já não se podia esconder a realidade e depois de muitas insistências feitas pelo LdF. É pena que desde Setembro até há poucos dias tenha escondido os dados, defendendo que só divulgava os dados da “autoridade local”, todos os portugueses tinham direito À informação menos nós, porque o PSD confunde combate à pandemia com campanha eleitoral e à semelhança de todos os regimes autoritários, quando a verdade não é conveniente recorre-se à censura.