Apesar de em tempos de pandemia, de crise económica e social a candidatura de Álvaro Araújo evidenciar uma estranha pujança financeira, a probabilidade de vir a ser bem sucedida é muito reduzida. Talvez por isso o pequeno grupo que há anos que o apoia se tenha antecipado a tudo, lançando a sua candidatura dois anos antes das eleições.
Aparecendo sob o signo da divisão do seu partido, onde recolhe poucos apoios, foi designado de forma quase confidencial, tendo-se mesmo escondido a sua nomeação dos olhos dos outros militantes durante algum tempo. No partido que escolheu o secretário-geral e candidato a primeiro-ministro em diretas, com debate e participação de militantes, neste concelho o Rui Setúbal lançou o seu candidato de forma manhosa e com receio da opinião dos militantes do partido.
Enfrentando uma candidatura independente, um BE que saiu das presidenciais com um bom resultado e um candidato da CDU que fez mais oposição e foi mais competente a fazê-lo do que vereadores como a dona Célia Paz ou o deputado municipal Rui Setúbal, é evidente que a candidatura de Álvaro Araújo não só vai perder, como se arrisca a ser um grande fiasco.
Se o candidato nasceu de forma estranha e ao arrepio das tendências para a transparência deste tipo de escolhas o seu desempenho nesta pré-campanha em que está há um ano é medíocre. Uma conferência com gente rica local e muitos convidados de Faro e Tavira, o comunicado mais idiota que já se viu, o aproveitamento oportunista da quadra natalícia, uma campanha de outdoors absurda, lançada a meio das presidências para associar o candidato ao Natal, mostra um nível elevado de incompetência.
Para compensar a falta de inteligência estratégica desta candidatura, alguém criou uma verdadeira arrastadeira eletrónica para o apoiar e tentar destruir a candidatura independente ou difamar quem discorda deles. Se o candidato já não era grande coisa e representa muito poucos, não é jogando dinheiro à rua ofendendo quem passa dificuldades ou destruindo e asfixiando adversários que se ganham eleições.
Se o candidato é fraco, tendo nascido torto num processo de divisão e golpes internos no seu partido, não unindo o seu próprio partido e com uma imagem fortemente associado à Mão Amiga ou ao Luís Gomes, aquilo que os seus estrategas têm feito revela muita incompetência e desespero, a mesma incompetência que permitiu ao Luís Gomes ganhar vários mandatos.
A única esperança de Álvaro Araújo de disputar o poder era partilhá-lo com a São Cabrita, justificando uma aliança para salvar o concelho, um argumento que fica sempre bem na hora dos derrotados quererem chegar ao poder. Bem negociado até o Rui Setúbal podia chegar a chefe de gabinete. Mas com a resignação da São Cabrita é bem provável que o Luís Gomes, de quem Álvaro Araújo parecia ser próximo, é muito pouco provável que o tal cozinhado seja possível.
Álvaro Araújo tem muito poucas hipóteses de ganhar, é um
nado morto da política local.