MEMÓRIAS DO LOARGO DA FORCA: O DIA EM QUE O DEPUTADO MUNICIPAL JOSÉ CRUZ IRRITOU O RUI SETÚBAL

 


 

As coisas corriam bem ao Rui Setúbal, o LdF fazia a oposição que ele não tinha sabido fazer e nem corria os riscos, já “alguém” teria dito ao “famigerado Luís Gomes” que nem ele, nem a filha, eram autores da página. O seu grupo de reflexão, um grupo secreto de apoio à sua estratégia apoiada pelo empresário amigo da construção civil e hotelaria de Monte Gordo reunia regularmente. 

Ainda não tinha dito, nem no Largo da Forca nem no Grupo de Reflexão, que a estratégia era bloquear alternativas e impingir o Álvaro Araújo. Enquanto o Araújo andava de mão dada com o PSD na caridadezinha, no LdF elegia-se a Mão Amiga como uma espécie de Mão do Diabo e pela forma como se referia à personagem até parecia que não era do seu agrado. Garantia que se fosse necessário ele estaria à frente de uma candidatura independente, mas nunca disse que esse ímpeto apenas surgiria se o António Murta e outros militantes do PS impedissem uma candidatura do homem dos POC. 

As relações com o vereador Álvaro Leal eram simpáticas, o problema estava no “empedernido” José Cruz, homem firme na defesa da linha política do partido. Quando nas suas amenas cavaqueiras com o pasteleiro Pedro Pires, no programa Bocas no Trombone, o vereador Álvaro Leal disse que se fosse necessário fazia-se uma  geringonça, o Rui Setúbal ficou eufórico, a sua estratégia estava a resultar. 

Ver um vereador do PS abrir a porta a alianças anos antes das eleições, só poderia ser um lapsus linguae, não é norma no PCP serem os vereadores a definir políticas de alianças e muito menos anos antes de o Comité Central do PCP se pronuncie-se. Recorde-se que nas eleições de 2017 o secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa só divulgou a política de alianças do partido na noite eleitoral, o PCP não as faria. 

A declaração do vereador Álvaro Leal só podia ser um descuido ou mesmo um “à parte”, mesmo assim o Rui Setúbal ficou eufórico, foi como se tivesse recebido a prenda de Natal muito tempo antes da data, na Terça-feira Gorda. Mas a alegria durou pouco, na reunião da Assembleia Municipal que se seguiu à amena cavaqueira entre o vereador e o pasteleiro, o deputado municipal José Cruz pedia a palavra para fazer uma extensa e lúcida declaração política. 

O deputado municipal reafirmava o projecto autárquico da CDU e convidava os vila-realenses a unirem-se ao seu projecto, pondo fim ao sonho do Rui Setúbal, de levar o Araújo à cadeira da presidência, às costas do Leal, empurrado pelo LdF e com o aplauso do Grupo de Reflexão. O seu projecto manipulador começou a ruir, a sua esperança de mandar numa terra que nuca o elegeria, como chefe de gabinete do seu homem começava a esfumar-se. 

Fez muitas insistências para que o LdF desancasse no deputado municipal José Cruz, numa tentativa de usar esta bela praceta para atacar quem impedia o sue projecto manhoso, mas teve azar, não fomos em manobras ao estilo do Democracia VRSA. Mais tarde ele foi convidado a ir morar para outra freguesia.