Um criou uma página de artista, onde a caixa de correio é a dói agente. O outro criou uma página aparentemente pessoal, onde anuncia a gravidez da filha, mostra o canito bem penteado ao colo da dona que o segura com uma mão onde os anéis e as pulseiras estão virados para a foto. Um conta com os seguidores que qualquer artista sempre arrebanha, o outro só não pediu amizade ao pelourinho e é seguido até pelo Santuário de Fátima.
Há muito tempo que nos tínhamos apercebido que a receita de sucesso dos araujianos é o Luís Gomes e estão a imitá-lo em tudo ou em tudo de que o acusavam. Aliás o sucesso dos dois candidatos tem-se cruzado por mais de uma vez. Às vezes até ficamos com a impressão de que o sucesso de um está independente do outro. Um foi reconduzido mesmo quando o outro era vice-presidente do Algarve, o outro recebeu muitos votos colocados ao serviço da CM em tempo de eleições.
É por isso que as duas figuras parecem ter sido separadas à nascença, ambos exibem os filhos, ambos têm uma carreira indissociável da política, ambos se escondem atrás de páginas aparentemente políticas, ambos são pouco socialistas ou social-democratas ou laicos, ambos apostam nos votos dos que dependem de subsídios. Mais parecidos não poderiam ser.
Agora parece que andam num concurso de likes, como se a política fosse um concurso de beleza e tudo serve para que o pessoal coloque o like, um mostra a mãe, o outro opta pela barriga da filha.
Ainda assim estamos para perceber qual deles é o pior, ainda que o casado pareça levar em vantagem criou a página do pai e cristão exemplar, sabe tirar fotos com figuras religiosas em fundo, anuncia nascimentos como se o próximo Messias fosse da família e até cega ao ponto de pedir aos vila-realenses se unam em torno da sua própria mensagem política, como se o menino Jesus já tivesse nascido com cabelos brancos.
Um tem uma página ao estilo popular, o outro prefere o estilo Hola, tudo bem encenado, as poses bem desenhadas, os outros bem exigidos, a iluminação cuidada, as roupinhas bem engomadas e as santinhas bem enquadradas. Mesmo assim parece que o “padrinho” está a perder, o “afilhado” pode dar-lhes lições de truques políticos, parece defender as virtudes públicas, enquanto os da sua candidatura tratam dos vícios privados. A página pessoal é de um rapaz que qualquer velhinha gostava de ter como neto, enquanto os amigos gerem uma página que deixaria qualquer fascista envergonhado.
Quanto a likes, parece que o mau cantor ganha ao fraco
político. O Setúbal ainda não parece estar à altura do mestre, tem de melhorar
os seus truques e estratégia se quer ver o seu candidato ter mais likes do que
o cantor.