O PROBLEMA DA DROGA EM VRSA



Num dos seus comentários o Tiago Palma suscita o problema da droga no nosso concelho e, influenciado por uma resposta a um comentário anterior, refere que o tema não é do agrado do Largo da Forca. O tema não é tratado neste espaço pelas razões que a seguir são explicadas, a nossa reação não tem que ver com o debate do problema, mas sim pela forma como são dirigidas críticas às autoridades.

Se o problema da droga resultasse da intervenção da Polícia Marítima isso seria uma maravilha, já que em cidades como Beja, Évora ou muitas outras do interior o problema não existiria. Imagino que aqui a culpa é atribuída à Polícia Marítima, como no Alentejo haverá quem se queixe da GNR ou em Lisboa da PJ ou da PSP.

Por um lado, não é um tema de debate autárquico e por outro temos algum pejo quando pela experiência pessoal temos informação que não é acessível ao cidadão comum.

O combate à droga em VRSA não é nem exclusivo da Polícia Marítima, não só todas as autoridades estão envolvidas a uma escala mais global, pelo que nem o Capitão do Porto, nem o chefe da PSP local ou o comandante do posto local da GNR, designadamente da Brigada Fiscal são os responsáveis.

O combate à droga é bem mais amplo, todas as autoridades locais estão envolvidas, mas existem estruturas de combate e de informação bem mais amplas, que vão das autoridades locais à cooperação internacional. A PSP, a Polícia Marítima, a Armada, a Força Aérea, o Ministério Público a Autoridade Tributária e Aduaneira ou a Polícia Judiciária têm competências partilhadas, há modelos de coordenação, de colaboração e de troca de informação, existindo modelos de coordenação desabe a base ao topo.

Trata-se de um trabalho muito sério, que não se vê na comunicação social e nem se limita às autoridades nacionais, já que, como chega ao conhecimento público pela comunicação social, muitas operações envolvem diversas forças nacionais, forças espanholas e, não raramente, são iniciadas com informação de outros países, designadamente da DAE dos Estados Unidos.

É uma luta extremamente complexa, que envolve grandes meios e que decorre as 24 horas do dia, sete dias por semana. Pensar que uma determinada polícia está a dormir não corresponde à verdade. Em todas as polícias e entidades envolvidas existe gente que se farta de trabalhar dando o seu melhor, que corre muitos riscos e que nem sempre é bem remunerada. Ganha-se mais, por exemplo, trocando o voto no Araújo por um emprego bem remunerado onde nada se faz.

Pensar que as autoridades estão a dormir é um erro. Sem entrar em pormenores de experiências passadas, se alguém pensa que estes movimentos são do desconhecimento das autoridades está enganado, as autoridades sabem muito mais do que o comum dos cidadãos imagina. Os traficantes locais e os meios que usam estão muito provavelmente identificados.

Mas o combate à droga não é uma coboiada, o desmantelamento de uma rede não se consegue em semanas ou meses. Quando se intervém é para se apanhar a rede, produzir prova criminal e apurar todo o circuito, muitas vezes até à origem da droga. Fazer espalhafato pouco ajuda e acusar injustamente autoridades que fazem o seu melhor, muito provavelmente correndo grandes riscos pessoais e prejudicando a sua família pode ser injusto.

Outra questão é as consequências sociais da toxicodependência e neste domínio as autoridades autárquicas tem um papel a desempenhar. Lamentavelmente é um trabalho que não dá votos nem permite grandes enquadramentos fotográficos para o nosso ‘top model’ Araújo. É mais fácil inventar programas do tipo “cuidar de quem cuida”, para os cunhados andarem de idoso em idoso a passar-lhes a mão por cima, porque as próximas eleições estão próximas.

Por isso ficamos incomodados quando se fazem acusações que podem ser muito injustas a qualquer autoridade, muitas vezes feitas de forma que podem ser consideradas injúrias graves. É em relação a isso que no passado nos manifestámos, num comentário que aqui foi colocado.