Houve um tempo em que o Guadiana até tinha uma Princesa, uma
traineira com uma batida de motor que se conhecia à distância de que hoje
apenas restam fotografias, como a da proa que aqui reproduzimos.
Foi um ciclo económico glorioso do concelho de vila real de
Santo António, com dezenas de traineiras como o Raulito, o Infante, a Biscaia, a
Maria Rosa, a Conceiçanita e muitas outras, a que se juntavam as suas enviadas
que nos tempos eram duas por cada traineira.
Um tempo em que as traineiras enchiam a doca a muralha, e os
cais da fábrica Parodi, da Sacor, da Rainha, ou do Zé Rita.
São tempos que não voltarão, dantes estas traineiras e as
suas enviadas regressavam muitas vezes carregadas, bem como as suas enviadas.
Hoje não há sardinha ou biqueirão na nossa costa, a pouca que há e que pode ser
pescada mal dá para o consumo, nunca viabilizaria uma fábrica.
Infelizmente os nossos industriais não souberam resistir à
mudança do setor e os que sobreviveram deslocalizaram as suas fábricas, como é
o caso da Ramirez. Mas a economia do nosso concelho sobreviveu, a decadência do
setor das pescas deu lugar ao crescimento do comércio fronteiriço e do turismo.
Recordamos com saudade desses tempos, mas sem a nostalgia de
quem sonha com o seu regresso. Mas falta à nossa terra e à sua economia atual,
o nível de excelência que no passado foi conseguido no turismo. Quando VRSA
tinha um dinamismo económico que atraia agências de todos os bancos e até
justificava ser uma das poucas vila, senão a única, que tinha uma delegação do
Banco de Portugal.
Hoje temos bons empresários no setor dos serviços, no turismo,
comércio e agricultura, mas precisamos de mais. Mas isso passa por decisores
políticos competentes e com visão, que não temos, pelo menos no que se refere às nossas autarquias e ao nível dos deputados eleitos pelo distrito de Faro.