Ao fim de uma gestão autárquica assente numa lógica de favorecimento
em troca de votos assistimos a uma nova fauna que metaforicamente é formada
por bandeados e lambe cus. Foi década e meia de compra de opositores, de
utilização de todos os instrumentos da autarquia para comprar eleitores ou
promover o bandeamento de opositores.
Já vimos antigos vereadores da oposição aceitar acompanhar um
autarca no bar dos pescadores na mesma hora em que decorria uma arruada do seu
partido. O mesmo ex-vereador, que certamente foi reconduzido como chefe da sua
repartição quando o Luiz Gomez era vice-rei do Algarve e Passos Coelho era
primeiro-ministro, chegou a comparecer em 2018 a um jantar de apoio político a
Luiz Gomes. Também é famoso o oposicionista com responsabilidades políticas
distritais que retirou o seu nome da candidatura autárquica do seu partido a
dez dias do prazo de apresentação das listas, para depois vermos a esposa ser
contratada pela CM.
Antes disso, a longa série de bandeados começou com o famoso
Cigarrinho, que ainda hoje vai enchendo o “bandulho” graças aos dinheiros de avenças
chorudas. Aliás, foi o primeiro militante da causa comunista a bandear-se para
a direita, atrás deles foi uma boa parte do PCP local, com famílias inteiras a
bandearem-se para o lado de onde vinha o dinheiro. Depois vimos deputados municipais
traírem os partidos pelos quais foram eleitos para viabilizarem a SGU e ainda recentemente
parece terem feito jeitinhos no negócio da ESSE
A lista é imensa e não se fica pela arraia miúda como temos
vindo a ver nos últimos dias, há lambe cus ao mais alto nível, aliás, a há
mesmo uma hierarquia de lambe cus, há o lambe cus do lambe cus, o lambe cus do
lambe cus do lambe cus e por aí adiante. Até há bandeados que acumulam a
categoria de lambe cus, não lhes bastou venderem-se, depois disso não perdiam a
oportunidade de elogiar o LG, ao ponto de fazerem verdadeiras fotografias
tristes para a TV.
As centenas de milhões de euros gastos ao longo d década e
meia deram para muito mais do que esgotos pagos parcialmente com fundos ou para
um passadiço co-financiado pela UE. Deram para envelopes, horas extraordinárias
que não faziam, filmes sobre ceguinhos que passaram a ver graças ao autarca,
idas a Cuba para comprar charutos e muitos outros favores. Água à borla, taxas
de esplanadas que ficaram por pagar, empregos na SGU e na CM, bons ordenados
para padres fugidos e muito mais.
Com tantos milhões a lambuzar as mãos de toda a gente,
alguns eleitores do LG e da São acabaram por aceitar a sua transformação em bandeados e lambe cus,
gente com pouca dignidade com que teremos de conviver quando de uma vez por
todas nos livrarmos desta filoxera que destruiu a nossa terra. Esta gente não
levou ao apodrecimento de um PSD que hoje só consegue arrebanhar 18 votos na
eleição do líder nacional e 38 na eleição do líder local, alguns deles
bandeados e lambe cus, apodreceram a autarquia e até os partidos da oposição,
uns ficaram anestesiados com as alianças espúrias ou os dinheiros enviados para
Cuba, outros ficaram tão velhacos e oportunistas como os do poder.
PS: a imagem é a obra-prima do lambecusismo local foi a intervenção do deputado
municipal António Cabrita na sessão solene comemorativa do 25 de Abril do ano
de 2009. Como é possível alguém fazer uma intervenção destas para celebrar a
democracia e a coragem dos que fizeram o 25 de Abril?