Uma das perversões mais frequentes da nossa democracia
autárquica é a possibilidade dos que estão no poder quererem perpetuar-se nos
cargos gerindo os recursos da autarquia em função dos votos. Juntam ao eleitor
comum que vota neles os votos que conseguem “comprando” eleitores com favores.
Esta “compra” de votos através das benesses autárquicas, sob
a forma de apoios sociais, licenças para comércio ambulante, facilidades de
estacionamento e muitos outros truques possíveis, mesmo em autarquia que já
estão arruinadas, pode levar a que as autarquias possam distinguir entre
cidadãos de primeira, os que venderam os seus votos aos autarcas menos
escrupulosos, e o cidadão de segunda, aqueles que não estão no radar do sistema
de compra de votos. Ainda há os cidadãos de terceira, que são aqueles que por
criticarem o poder são perseguidos.
Esta distinção entre cidadãos de primeira e cidadãos de
segunda pode estender-se às freguesias, sendo as de primeira aquelas onde os
executivos contam com maioria e as de segunda, que são maltratadas e castigadas
porque os seus fregueses decidiram votar naqueles que ficaram na oposição. Estas
freguesias são castigadas das mais diversas formas, para que os seus fregueses
saibam que se querem a estrada arranjada, o jardim cuidado ou as ruas limpas
terão de mudar de voto.
No concelho de VRSA a freguesia de Vila Nova de Cacela não
votaram na São Cabrita e começa a ser evidente que aos poucos tudo naquela
freguesia vai ficando ao abandono. As estradas municipais estão numa verdadeira
desgraça. As instalações públicas estão em degradação acelerada, em todo o lado
é visível a mensagem da São Cabrita, “não votaram em nós e ….”
Temos vindo a receber sucessivas queixas de cacelences e a
última refere-se a depósito de verdes. É mais um bom exemplo do desmazelo
imposto à freguesia que não votou na São Cabrita e por isso fica aqui a
mensagem recebida:
“Boa tarde
“Boa tarde
Caso tenham interesse em partilhar, esta é a vergonha que
está em Vila Nova de Cacela o depósito de verdes de inteira responsabilidade da...
No ano passado um incêndio junto à 125 passou para o lado do
largo onde se realizava o mercado mensal e estava toda a gente preocupada que o
fogo chegasse ao dito lixo, o certo é que passou quase um ano, e o lixo só não
continuou no local como aumentou.
Neste momento o monte de lixo está praticamente em cima do
passeio à mercê de qualquer um que lhe apetecer incendiar aquilo, uma vez que há habitações nas
imediações acho que é uma irresponsabilidade por parte do departamento de
proteção civil da CM deixar isto assim.
Anteriormente um vizinho contactou com o responsável da
proteção civil na altura sobre o assunto ao qual a sua resposta foi:" se
houver um incêndio que alguém logo chamaria os bombeiros para não se
preocupar", o que demonstra um excelente profissionalismo.
Pelos vistos deve estar esquecido ou não há interesse em resolver
o problema uma vez que já contactei a CM à cerca de uma semana sobre o assunto
e não obtive qualquer tipo de resposta..
Obrigado pela atenção”