Compreendo a atrapalhação dos seus comentários, mas um
médico que é autarca tem a dupla obrigação de numa situação de pandemia mundial
e quando todos receamos uma segunda vaga, sem que o país tenha recursos financeiros
para mais um confinamento, de dar o exemplo. Enquanto político tem a obrigação
ética e moral de dar o exemplo aos seus concidadãos, como médico tem obrigações
deontológicos e havendo normas sanitárias deve respeitar e sugerir a quem o acompanha
que as sigam.
Não se trata de questões pessoais como os seus admiradores sugeriram,
alguns com comentários de meter pena, se assim fosse ter-lhe-ia explicado como
é que alguém se deve sentar à mesa, ter-lhe-ia explicado que numa mesa de
jantar não nos podemos sentar à mesa como se estivesse jogando à sueca numa
taberna. Trata-se de normas sanitárias e do respeito pela vida e isso é um tema
bem mais sério do que resulta dos seus comentários.
É óbvio que na mesa do restaurante nem todos estão a beber e
se enquanto bebemos teremos de usar máscara, enquanto falamos e se estamos
quase encostados aos que nos acompanham devemos usar máscara. O senhor, como
médico sabe muito bem que no caso de um dos convivas estar infetado há uma
grande probabilidade de todos os outros ficarem. E se o primeiro doente for
assintomático há também uma grande probabilidade de só se saber disso muitos
dias depois e quando mais uns quantos estiverem infetados.
Qualquer pessoa com rudimentos de conhecimentos médicos pode
dizer que aquele jantar pode ser apelidado de um jantar covid-19. Até poderia
ser privado, mas não foi, antes pelo contrário, foi um jantar oficial
organizado pelo Município de VRSA no restaurante “Mar Salgado” e assim foi
tratado na sua página oficial no
Facebook. Aliás, como a propagação de doença contagiosa é crime mesmo em
privado, sendo ou não médico, sendo ou não político, trata-se de um comportamento
reprovável e que pode ser criminalmente sancionado se daí resultar propagação
da doença.
Os políticos devem dar o exemplo e quando se comportam de
forma que é criticável não devem chamar parvalhões aos outros sob pena de
alguém lhes responder à Pinheiro de Azevedo. Em vez de mobilizarem os seus
militantes fanáticos para achincalharem quem tem razão, devem dar mostras de um
mínimo de humildade.
O que o preocupa no anonimato? Não foi ofendido, não foi
injuriado, não se disse qualquer mentira, disse-se apenas aquilo que um
político deve ouvir, mas que nalgumas autarquias não ouvem porque a norma,
infelizmente, é o receio. Não admira que tanto o senhor como os seus mais
apaniguados se incomodem tanto com a cara. Para quê, para a vingança, para
negar o subsídio, para a perseguição, como vemos em muitos municípios, alguns
bem próximos do seu.
É pena que em vez de vómitos e de gracinhas como o beber com
ou sem máscara ou a ofensa pura e dura um médico que é político não tenha dito
aquilo que devia dizer enquanto político. Tem razão, obrigado pela crítica, da
próxima vez terei os cuidados que desta vez não tive. É assim que os bons
políticos eleitos para servir se comportam, não com tretas e mobilizações de
fanáticos para fazerem ameaças ou iludir os comportamentos com tretas.
Aqui quem errou não foi o Largo da Forca, quem desrespeitou
as mais elementares normas sanitárias foram os políticos e demais acompanhantes.
Nem foi o Largo da Forca a colocar as fotos incómodas, onde se nota a preocupação
da autarca de VRSA de estar sempre a olhar para o passarinho, também ela dando
mostras de pouca etiqueta em matéria de mesa, ainda que pudesse olhar para a
secretária de Estado para aprender um pouco.
O Largo da Forca não comentou qualquer parvoíce, não cometeu
qualquer ilegalidade, não disse o que se pode dizer no respeito da lei. Quem
teve um comportamento criticável foi o senhor e se acha que não tem de se
explicar aos seus munícipes, então deixe-se de parvalhões e de vómitos, porque quando
vomitar tenho o meu médico de família e terei o cuidado de escolher médicos
mais cuidadosos num contexto de pandemia.
Se o senhor tem dúvidas sobre como se devem comportar num
restaurante nos dias de hoje, vá ao Facebook da CM de VRSA e veja as
fotografias onde aparece a acompanhar o Sr. Presidente da República no
restaurante “Dona Bela”, quando esteve de visita ao concelho de VRSA. Veja a
foto onde está ao lado da secretária de Estado de Turismo e compare-a com
aquela onde aparece na mesa do Presidente da República. As diferenças não serão
as oito habituais, mas são algumas.
Se tem razões de queixa então queixe-se da sua colega e
companheira de VRSA, se é que ainda não a questionou sobre a forma como
organizou o almoço e a ingenuidade com que divulgou as fotografias. Não se esqueça que não estava ali a jogar à sueca numa tasca de Monte Gordo ou do Azinha, estava em representação dos seus munícipes e bebia e comia uma refeição num restaurante de luxo paga pelos munícipes de um concelho que a sua companheira ajudou a arruinar. Não se esqueça também que não estava a festejar o Ano Novo, estava discutindo um problema muito sério, que já matou muitos portugueses e que arruinou e vai arruinar muitos mais, a maior pandemia desde a Gripe Espanhola. Como político e como médico deve dar o exemplo e ter comportamentos que não sejam reprováveis, o que não foi o caso.
PS: achamos muito bem que venha em defesa da sua colega e
VRSA, até porque foi pela sua mão que o autarca que arruinou a nossa terra
chegou à AM de Castro Marim. A solidariedade partidária a isso obriga. Mas
apareça mais vezes pois há por aqui muita matéria onde ela precisa da sua
ajuda.