Ir a tribunal é uma chatice, uma mera queixa por uma qualquer questão de lana caprina pode conduzir a um processo de onde resulta a constituição de arguido e as consequentes chatices que isso dá, desde a necessidade de contratar um advogado até a um eventual julgamento. EM muitos casos não passa de uma forma de pressão, acabando por ser arquivado ou num julgamento que se fica por um mero acordo. Mas um processo pode significar muitos custos e perdas de tempo, para além do lado psicológico do famoso “termo de residência” que condiciona a liberdade de um cidadão.
Não admira que alguns políticos tenham usado o expediente das queixas para fazerem pressão sobre a oposição, é comum na Madeira, onde o Alberto João foi campeão deste estratagema, José Sócrates também foi useiro e vezeiro nesta estratégia. Os políticos nem se incomodam, podem pagar fortunas a grandes escritórios de advogados e mesmo sem conseguirem condenar ninguém promovem o silêncio por medo das chatices. Além disso para os políticos estes esquema porquinho não tem custos, já que é o Estado que paga.
O ex-autarca Luís Gomes recorreu ao mesmo esquema e como era presidente de uma CM riquíssima, bastando ir à margem do Guadiana com um balde que rapidamente se enchia um xalavar com notas de cem euros. Não admira que recorresse a este estratagema pagando ao escritório de advogados mais caros do país, com direito a contar com um vice-presidente do PSD e ex-ministro dado a mergulhos recreativos em São Tomé. A desbunda chegou ao ponto de vermos grandes advogados a tratar de assuntos domésticos.
O processo mais ridículo envolveu um outro ex-presidente da CM que no decurso de uma campanha eleitoral e na qualidade de candidato acusou outra candidatura de comprar likes. É uma forma de se dizer que se paga publicidade ao Facebook para promover visitas e likes, um processo comercial comum em todo o mundo no domínio do marketing nesta rede social. Mas parece que em VRSA houve alguém na justiça que concordou que isso era uma ofensa grave, digna de levar a julgamento e com isso gastar dinheiro dos contribuintes, pelo que a coisa foi a julgamento.
Estas queixas não são mais do que um processo de asfixia democrática que visa silenciar qualquer voz, assegurando que o poder vive com menos críticas públicas do que no tempo da PIDE. Se a justiça for muito sensível a este tipo de queixas, como parecia ser em VRSA (estranhamento é menos sensível com outros fatos numa CM arruinada por má gestão) pode ser perigoso dizer bom dia à São, não vá ela queixar-se de que o bom dia foi dito de uma forma que ofensiva.
Este tipo de asfixia a par de muitas perseguições a quem opina nas redes sociais criou em VRSA um ambiente de ditadura ao estilo da Coreia do Norte, todos sabem que se ousarem fazer a mais pequena crítica aos Cabritas arrisca-se a ter de mudar de concelho. A pouca vergonha chega ao ponto de o irmão da presidente da CM avisar um idoso que se queixou da agenda cultural da CM na sua página do Facebook, que tivesse cuidado por sabia onde ele morava. A insinuação de ameaça foi feita, foi lida e ninguém fez nada. Aliás, este senhor faz o rastreio do que se escreve nas redes sociais para se dirigir por mensagens a quem oponha de forma desfavorável.
Mas não é apenas o mano a desempenhar este papel de vigilância nas redes sociais, às vezes temos a impressão de que esta equipa autárquica fiscaliza mais o que se escreve e opina nas redes sociais do que a sujidade das ruas ou o mau estado dos jardins e passeios. EM VRSA parecem existir apenas duas forças de fiscalização, a vigilância que o poder exerce junto da opinião dos cidadãos e a fiscalização dos agentes da ESSE.
Só algum tempo depois da criação do Largo de Forca se percebeu que o político local que nos fez o desafio o que pretendia era endossar a terceiros os riscos de enfrentar processos. No fundo teve a brilhante ideia de comprar uma pastilha elástica que mastigaria enquanto desse jeito e jogaria fora quando deixasse de ser útil, como se percebeu mais tarde.
Mas o mano da presidente cedo elegeu o Largo da Forca como o seu grande inimigo, passando a usar toda a sua artilharia política, a começar nas ofensas às mães a todo o tipo de ameaças. Pare este senhor em política vale tudo, desde fazer ameaças veladas a idosos a acusar os adversários políticos de envios de cartas anónimas.
A determinada altura, o famosos consumidor de medronho e charutos da Manta Rota, mais o seu fiel escudeiro, o senhor criado numa casa da FEC-ML e agora já chegou a confrade, começou a sugerir que já sabia quem eram os autores do Largo da Forca, até se gabou junto de um amigo que com a ajuda de um hacker local já tinha identificado o autor. Entretanto, começaram a ser colocados posts sugerindo os nomes dos autores, envolvendo quem ele pensava que colaboravam com os que lhe convinha atacar.
Se alguns se riram à gargalhada destas insinuações, aquele que estava na origem do Largo da Forca foi o que ficou mais assustado. Mas enfim, quem tem rabo tem medo e o pobre homem ainda ficou mais incomoidado pois o hacker criou uma página de Facebook acusando a filha de ser a autora. O medo torvou-lhe o raciocínio, e se o luís Gomes se vingasse? Só o nome do ex-autarca deixa alguns corajosos políticos locais sem uma pinga de sangue, o medo chega a ser fobia digna de um bom par de consultas no psicólogo.
Foi então que um dos vários acusados pelo senhor do medronho e dos charutos, mais o pobre diabo que lhe faz de escudeiro, se dirigiu a um dos outros acusados de forma difamatória para o tranquilizar. Este ilustre responsável partidário local tranquilizou-o, garantindo-lhe que alguém muito seu amigo e amigo e companheiro de jantares de apoio político a Luís Gomes, já tinha garantido ao ex-autarca que nem ele, nem a sua filha nesse o outro amigo acusado injustamente faziam parte do Largo da Forca. Isto é, o homem que pediu para se lançar o Largo da Forca foi o primeiro a entregar o nome do autor ao Luís Gomes, de forma indireta. Pior ainda, um terceiro acusado, que na ocasião nem sequer nos tinha sido apresentado, era de forma indireta entregue ao Luís Gomes por um residente aqui no Largo. Mais tarde percebeu-se que dessa forma achava que prejudicava alguém de que se veio a perceber que por qualquer motivo detestava.
Isto terá sucedido há bem mais do que um ano e quando confrontado com esta situação o “artista” limitava-se a ficar calado, julgava que o Largo da Forca ainda era útil para o seu projeto de abrir caminho a uma candidatura do Álvaro Araújo e preferia fazer de conta que não ouvia. Isto, é, durante um ano o Largo da Forca existiu na base desta convivência, alguém chamado a supostamente ajudar a oposição e um senhor que muito cedo entregou o autor do largo da Forca, ao mesmo tempo que tirava partido do seu trabalho.
É por estas e por outras que a oposição em VRSA tem levado tareia há mais de uma década, na verdade o Luís Gomes comprou os que quis comprar ou que lhe davam jeito e rejeitou os que não lhe faziam falta. A oposição tem sido flácida, medrosa e incompetente e se não fosse o Álvaro Leal e uma ou outra intervenção na Assembleia Municipal mais valia nem perderem tempo com reuniões.
Não admira que até uma política de fracos recursos intelectuais e que tem um discurso oral digno de alguém sem escolaridade consiga fazer gato sapato de alguns vereadores ou deputados municipais da oposição, só ficando verdadeiramente em dificuldades quando tem de enfrentar um António Murta ou um Álvaro Leal. Mas pior do que a incompetência de uma boa parte da oposição são os valores de gente que são precisamente aquilo que de pior dizem do Luís Gomes e da São Cabrita.