Quando se deu a crise da dívida soberana que nos forçou a
pedir ajuda internacional, foram várias as personalidades do partido da nossa “agora
é São” que defenderam a investigação por parte do MP de situações de
bancarrota. Faz todo o sentido que assim seja, se um primeiro-ministro ou um
autarca conduz o país ou uma autarquia a uma situação financeira difícil é bom
que se perceba se a situação se deveu a situações externas, a incompetência ou
a gestão criminosa.
É inaceitável que pessoas que ainda nem sequer nasceram
tenha que vir a pagar dívidas sem que os seus responsáveis sinta o mais pequeno
calafrio pelo que fizeram. É evidente que há muitas auditorias, mas essas
auditorias nem sempre são exaustivas e muito menos são investigações, na maior
parte dos casos são auditorias de rotina. E pelo que vimos no relatório do FAM relativo ao ano de 2017, há por aí quem faça vista grossa às irregularidades
que encontram.
Sempre que é notícia uma investigação criminal num qualquer
município ouvem-se vozes em surdina a perguntar quando é que aparecem por cá. A
pergunta faz todo o sentido, gastaram centenas de milhões de euros, deixaram um
município arruinado por varias regras, gastaram milhões e milhões de euros
desrespeitando as mais elementares regras da contratação pública e nada lhes
aconteceu. Provavelmente está tudo bem e os que ficam surpreendidos são vítimas
da sua maledicência.
Mas será normal pedir dinheiro a Bruxelas para recuperar um
edifício e nele instalar um centro de interpretação do Guadiana e mal está recuperado
é entregue a um grupo hoteleiro? Será normal que uma SGU que está falida e vai
ser liquidada encomende estudos de comunicação? Será normal que uma presidente
diga que não encontrou nada sobre encomendas de serviços do antecessor? Não
acontece nada quando se gastaram fortunas em quiosques construídos ilegalmente
e depois gastem outra fortuna para esconderem o cimento comum campo de golfe a
que designam por jardim? Não, não faz sentido.
É por isso que nos aprece dizer que se não encontrarem nada
em Montalegre venham aqui à outra ponta do país, talvez tenham mais sorte....