É bom que um Presidente da República visite um concelho do
Algarve, ainda que como é sabido a Presidência da República poucas competências
tenha em matéria de desenvolvimento económico, nesse capítulo quem manda em
VRSA é o FAM, o que significa que VRSA está sob a tutela do autarca de Tavira,
agora arvorado em secretário de Estado da Administração Local.
É natural que a deslocação de um Presidente a um concelho resulte
de um ponto de vista protocolar do presidente da autarquia que ele visita ou onde
ele decidiu reunir com os autarcas. Não faria sentido que um Presidente da
República telefonasse a um autarca dizendo “olá, o que acha de eu ir aí amanhã?”.
A insistência da CM em frisar em todas as notícias que o PR veio a convite da presidente
da autarquia não passa de um raciocínio pacóvio, já que não podia deixar de ser
de outra forma.
Mas o que terá dito a São Cabrita ao Presidente da
República, que tipo de ajuda pode esperar? Pelas visitas que sugeriu ao
Presidente da República não terá dito nada. A ida ao Hotel Vasco da Gama não
passou de uma escolha que mais parece ter que ver com a Confraria do Atum do
que com a hotelaria, já que aquele hotel há muito que deixou de deixar de
representar os problemas do turismo em VRSA. Quanto à ida aos estaleiros começa
a ser um ritual, mas a verdade é que não é fazendo visitas a uma empresa de
sucesso e a menos atingida pela pandemia que se alerta o Presidente para os
problemas.
Mas compreende-se que a nossa autarca se encoste e mostre o
que a família Sousa Uva fez há 60 anos ou o que um industrial da construção
naval desenvolveu nos últimos anos. A verdade é que a São cabrita fez muita
obra, só que esta é imaginária. A São poderia ter levado o Presidente a visitar
a unidade de cuidados continuados, o hotel da Muralha, o Centro de
Interpretação do Guadiana e muitas obras emblemáticas que temos de agradecer a
um município onde a autarca foi vereadora em três mandatos, um dos quais como
vice-presidente e mais três anos como presidente.
Só que toda essa imensa obra onde se gastaram mais de 200
milhões de euros não passaram de mentira. Hoje só pode mostrar uma terra suja (que
mandou limpar à pressa), uma miséria social endémica, esplanadas vazias e um
comércio em crise. Compreende-se que em vez de mostrar a sua ação numa terra
arruinada, prefere surfar no passado e no trabalho alheio.
Teria sido mais interessante se o Presidente da República
tivesse conhecido o outro lado de VRSA, mas isso implicaria riscos para a autarca,
o que seria se alguém contasse o que se passa com a ESSE, se alguém denunciasse
que mesmo fechadas as esplanadas pagam taxa, que esta autarca não teve um
tostão para ajudar a terra na sua pior crise, que o pouco que deu foi para
ficar na fotografia e fazer propaganda.
O Presidente da República partiu, a terra continuará
arruinada, as mentiras continuarão a ser as do costume, tudo voltou ao velho
normal da São Cabrita e da sua maravilhosa equipa autárquica.