DE UM LADO CHOVE E DO OUTRO FAZ VENTO





Tenta-se ouvir as duas entrevistas dada pela presidente da CM à rádio local e percebe-se que naquela cabeça não parece haver ideias, a grande preocupação era afirmar que quem está à frente da proteção civil é ela, lembrando um famoso sketch humorístico de Herman José, com uma das suas personagens a garantir ser o presidente da junta. De resto pouco mais disse, pouco mais se retendo do que a sua confiança na fé, algo que a senhora repete sempre que pode, que é uma mulher de fé. Quanto a conselhos ouvi um dos mais hilariantes, para abrirmos as janelas para arejar a casa.

Mas quanto a fé a presidente da autarquia não é a única política local a usar os seus princípios religiosos, a vereadora Célia Paz foi bem mais longe no seu Facebook ao escrever “Hoje fomos agraciados com o esplendor deste arco íris! Fez-me lembrar a aliança que Deus fez com o seu povo depois do dilúvio. Desta forma, Deus mais uma vez diz-nos que não estamos sós, Tudo vai ficar bem.”

“"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; e então se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do Senhor" (Gn 6.5-8).”

Enfim, a crer na narrativa bíblica estamos perante uma imensa limpeza, a lembrar os que diziam que o HIV era um castigo para os gays. Mas, se regressarmos a coisas mais materiais eis que quem nos surpreende mais uma vez é o ilustre deputado municipal António Cabrita, que enquanto os vila-realenses se unem contra a pandemia, opta por dizer aos amigos que lhe mandem charutos caros, ao mesmo tempo que sugere que uma garrafinha de medronho vinha a calhar.

Enfim, pedem-nos para arejar a casa, sugerem que estamos sendo vítimas de uma limpeza divina e no meio de tudo isto cravam-se charutos. É VRSA no seu melhor, de um lado chove, do outro faz vento e na Manta Rota sente-se a trovoada.