Parece que a presidente da CM mandou desinfetar algumas ruas
e locais públicos, transformando VRSA no primeiro concelho a adotar esta medida
numa localidade sem conhecimento de qualquer caso de contaminação pela
comunidade e onde só se registou um caso de doença, uma cidadão que tendo
regressado de França se dirigiu de imediato e por sua iniciativa ao Hospital
mal veio de França.
Não vamos criticar a medida, nem mesmo questionar se faz
sentido descontaminar as paredes e montras até uma altura onde ninguém chegou.
Se não fizer bem também não deverá fazer mal e se a ECOAMBIENTE faz isso no
âmbito do contrato que tem com a CM, por sua iniciativa e a título generoso ou
porque a autarquia tem muitos recursos para pagar o serviço, tudo bem. Apenas
sugerimos à CM que alerte os cidadãos que essa medida em muito pouco reduz a
probabilidade de contaminação e que devem continuar a ter todo o cuidado, como
se nada tivesse sido feito.
O que nos incomoda é vermos centenas de pessoas a perderem
rendimentos, muitas famílias que dependem de ajuda alimentar e que a deixaram
de ter porque a Refood fechou ou porque outras ONG estão quase paradas ou sem
capacidade de acorrer a todos os que precisam. Isto significa há um risco muito
grande de termos casos de fome muito em breve, algo para o que entidades como a
presidente do Banco Alimentar Contra a Fome já alertaram.
A uma queda brutal do rendimento de muitas famílias soma-se
o aumento dos preços de produtos essenciais, como as carnes de frango e de porco.
Se juntarmos a isto o aumento brutal do preço da água na nossa terra, bem como
o aumento das rendas dos bairros sociais. Por outro lado, muitas das nossas pequenas
empresas comerciais, o principal pilar da economia do concelho, estão fechadas
e muitas delias correndo um sério risco de falência.
Ontem a CML adotou 15 medidas de grande alcance como a
suspensão do pagamento das rendas em todos os fogos municipais até 30 de junho,
reformo do fundo de emergência social, isenção de rendas de estabelecimentos
comerciais e de instituições em espaços camarários, assegurar a concretização
de investimentos previstos, antecipação de pagamentos, e apoio a agentes
culturais, além de outras medidas.
Compreende-se que a autarca se preocupe em desinfetar as ruas, até porque a
tarefa é da ECOAMBIENTE e um dia perceberemos como é que vai pagar. Mas de uma
líder de um Município à beira do colapso económico e social espera-se muito
mais do que isso. Lamentamos o silêncio da autarca e dos partidos da oposição
bem como o encerramento do nosso parlamento municipal.