Para entreter o concelho a presidente da CM criou uma equipa
de trabalho para avaliar o impacto da pandemia na economia do concelho, talvez
na esperança de que a coisa passe, evitando tomar medidas porque sabe muito bem
que a autarquia não tem dinheiro. Pode ser
que tenhamos sorte e que as três ideias que retivemos do seu discurso nos
salve, a descontaminação das ruas com água e lixívia, as suas preces de mulher
crente e abrirmos as janelas para arejar as casas seguindo uma velha tradição
medieval.
Por aquilo que se vê a tal equipa de trabalho vai ter d
esperar sentada pois esta crise sanitária não terminará tão cedo e ainda antes
de acabar estaremos mergulhados numa crise económica de dimensões ainda
imprevisíveis. Quanto mais conseguirmos minimizar o efeito da epidemia mais
esta se prolongará no tempo e pelas previsões das autoridades sanitárias começa
a ser óbvio que este ano não teremos verão no sentido económico do termo.
Mas se a pandemia se prolongar no tempo estaremos perante
uma crise financeira do Estado que será muito agravada porque estamos perante
uma crise económica generalizada e que atinge os países mais desenvolvidos, a
que se seguirão muitos provavelmente países em desenvolvimentos como o Brasil
ou a Índia.
Estamos perante um cenário que não motiva grandes otimismos,
a situação é tão grave que é bem provável que o Município venha a ter sérias
dificuldades em pagar aos membros da equipa de trabalho ainda antes deles
chegarem à brilhante conclusão de que a autarquia não tem dinheiro nem para
mandar cantar um cego do que para adotar medidas de apoio ás empresas. E se
tivesse todos sabemos que seriam apoiados os do costume.
A verdade nua e crua é que quando acordarmos do pesadelo do coronavírus
concluiremos que afinal tínhamos um pesadelo dentro do outro, o da insolvência
da autarquia. Se o Município sem qualquer calamidade e num contexto económico
favorável tem-se vindo a afundar, sendo incapaz de dar sinais de recuperação,
imagine-se o que vai ser cano as receitas municipais descerem abruptamente e
os juros subirem.
Enquanto os municípios vizinhos adotam medidas e daqui a uns
meses darão apoios o nosso fará o do costume, aumentará as taxas para salvar a
pele de autarcas que se esqueceram de que não se pode gastar dinheiro do Estado
como se fossemos viciados no jogo. Graças ao brilhantismo de gestores
autárquicos como o Luís Gomes, a São Cabrita, o Carlos Barros, o Luís Romão, o
Pedro Pires e outros o nosso concelho arrisca-se a ter uma idade do gelo,
falavam de centro comercial e de hotéis a céu aberto e o que temos é um enorme
buraco financeiro que com esta crise fica impossível de tapar.