Confrontado pelo jornalista da TVI a propósito dos prédios adquiridos pela CM o nosso senhor presidente engasgou-se, mostrou-se espantado, transpirou, engasgou-se, não foi capaz de dar qualquer explicação, limitou-se a anunciar uma auditoria sem sentido.
Durante alguns dias não foi dada qualquer explicação, até que os seus devotos começaram a espalhar uma tese demolidora, afinal os prédios valiam muito mais do que o que a autarquia pagou. De repente, aquilo que era um negócio mais do que duvidoso foi apresentado como um grande golpe digno de um grande especialista no mercado imobiliário.
Os fundos compraram à CGD por 4,8 milhões, venderam á CM por 8,8 milhões ganhando o montante absurdo de 4 milhões certinhos, nem mais, nem menos um cêntimo.
Mas como o nosso senhor presidente é um bom negociante comprou por um valor abaixo do praticado no mercado. Numa entrevista que deu ao Jornal do Algarve o nosso senhor presidente confirmou o que os seus devotos diziam aos vizinhos indignados, os prédios valiam muito mais do que o montante pago pela CM.
Afinal, uma “empresa especializada” tinha avaliado os prédios em 10.717.160,41 €, um número que para ser credível já vai aos cêntimos! Esperemos que a empresa seja mais especializada do que em imobiliário do que o auditor contabilista é em auditoria... Desta forma o nosso senhor auditor demonstrou que tinha dado um lucro de 1.917.160,41€. Isto é, graças à esperteza negocial do nosso senhor presidente os fundos, certamente gerido por idiotas, teriam perdido de ganhar quase dois milhões.
Mas quanto a avaliações o nosso senhor presidente não se fica por aqui e adianta mais uma avaliação, desta vez do IRH, afinal ou a “empresa especializada” não sabe avaliar ou os especialistas do IRH teriam que estar com os copos, já que este instituto avaliou os prédios por nada menos do que 15 milhões de euros, estão a ler bem, 15 milhões!
Portanto, os responsáveis da CGD, um banco público, venderam um património que hoje está avaliado em 15 milhões por apenas 4,8 milhões, um terço. O pessoal dos fundos, que deve ser uma ONG especializada em ajudar municípios venderam por menos 6,2 milhões de euros, isto é quase metade do valor. E o nosso autarca, que deve ser considerado um génio do imobiliário conseguiu comprar por 8,8 milhões o que valia 15 milhões!
Portanto assunto encerrado, em vez de quaisquer suspeitas este negócio é merecedor de um capítulo próprio nas escolas de gestão e o nosso autarca merece que o obelisco da Praça Marquês de Pombal seja substituído pela sua estátua, da dimensão do mesmo, ao estilo da Coreia do Norte. Começou por se engasgar, mas no fim o esperto tinha sido ele.
Os administradores da CGD deviam ser investigados, os gestores dos fundos demitidos e o Araújo idolatrado.
Assunto encerrado? Desconhecemos se as entidades nacionais que auditam ou investigam os negócios do Estado deram o assunto encerrado, mas por aqui isso não sucedeu. Com número destes é óbvio que este negócio se já era duvidoso agora desperta ainda mais curiosidade.
Por isso amanhã voltaremos ao assunto.