Infelizmente nem as sociedades mais ricas ou justas
conseguem eliminar totalmente o problema da pobreza e este só não é mais grave porque
em muitas situações é a solidariedade humana que evita situações mais graves.
´R por isso que todos os que se oferecem como voluntários nesta batalha são
merecedores do elogio.
Mas não basta a ajuda para eliminar a pobreza e muito menos
quando ela é endémica estando associada a problemas culturais e/ou de falta de
aptidões e qualificações profissionais. Ao esforço dos muitos voluntários é
importante associar medidas que visam requalificar as pessoas,
proporcionando-lhes uma segunda oportunidade de se integrarem ou se
reintegrarem no mercado de trabalho, proporcionando-lhes um nível de
rendimentos que as ajudas estatais não atingem.
Infelizmente na nossa terra parece que os resultados do combate
à pobreza são muito escassos apesar das muitas ajudas autárquicas e estatais e
a causa provável dessa realidade deprimente está no modelo de intervenção
adotado, que está mais orientado para o assistencialismo reprodutor de pobreza
e útil para determinados objetivos eleitorais. Não admira que alguém defendesse
não há muito tempo, que a melhor alternativa ao assistencialismo autárquico era
escolher alguém que também tivesse dado muitos subsídios aos pobres.
É pena que não seja feita uma avaliação das políticas
seguidas, onde se avaliariam os investimentos já realizados, quais as entidades
que financiaram as políticas assistencialistas e com que montantes, quantas pessoas
em situação de pobreza conseguiram sair dela graças a terem conseguido melhores
qualificações e empregos compatíveis, quantos empregos foram criados na sequência
deste tipo de ajudas.
Este balanço devia ser uma exigência e tanto a CM como as
entidades estatais, como é o caso do IEFP, deveriam prestar contas ao concelho,
para que se percebesse não são a dimensão do problema, mas principalmente de
que forma foi abordado, isto é, se de acordo com o objetivo de eliminar a
pobreza ou se esta foi usada para fins políticos.
São conhecidas as acusações ditas em surdina contra uma
conhecida ONG que, como se sabe foi criada a partir de responsáveis partidários
locais, todos sabemos do que por ais se diz sobre as ajudas e sobre as relações
de alguma “generosidade” aos períodos eleitorais. Acontece que apenas uma parte
das ajudas estatais a esta ONG veio da CM, a maior fatia veio do IEFP, é também
sabido que graças a esta ONG a autarquia contou com um “mercado” de mão-de-obra
precária e paga pelo Estado, num momento em que já tinha dificuldades
financeiras, estando impedida de contratar mais funcionários. Ultimamente também
tem constado que há gente que não recebe ajudas que entretanto já terão sido
pagas pelo Estado, não se entendendo como é que esta situação é mantida e
permitida.
Fazer a história dos 12 anos de gestão autárquica implica fazer uma análise da pasta das questões sociais, a que de acordo com as declarações da nossa autarca sempre foi sua responsabilidade. A pobreza tem um peso excessivo no nosso concelho e não apenas numa perspetiva económica, já que as vitórias eleitorais que permitira a uma equipa arruinar o concelho assentaram numa política assistencialista. É impossível fazer a história política do concelho sem discutir o principal pilar da política do PSD local, o assistencialismo eletoralista e oportunista.