"Nós, por agora, ainda não nos candidatamos a fundos
comunitários, devidos não à grande dívida, mas eu chamo restrições
financeiras"
A declaração é da presidente da CM na reunião do passado dia
7, o concelho de Vila Real de Santo António está excluído do acesso aos fundos
comunitários, o principal instrumento europeu de investimento público e em
especial em regiões periféricas. Pertencemos à Eurocidade mas não podemos
aceder aos fundos europeus para as zonas fronteiriças, somos periféricos mas
não podemos aceder a fundos especialmente destinados a essas regiões, temos
bolsas de pobreza mas só nos resta a caridade, temos problemas com idosos em
meios rurais mas temos de os esquecer e deixá-los entregues à sua sorte.
É curioso como a presidente da autarquia prefere dizer que a
exclusão resulta de restrições financeiras e não da dívida, como se a
responsabilidade não fosse da gestão ruinosa do passado, mas sim de uma
qualquer imposição do FAM que apareceu aqui por acaso. É óbvio que o
endividamento da autarquia foi tão longe que hoje está permanentemente à beira
da insolvência, já que dificilmente consegue reduzir os custos do serviço de
uma dívida exagerada.
A má gestão financeira foi levada a um extremo tal que por
não dispor de recursos para cofinanciar os investimentos comunitários o
concelho perde os milhões dos fundos europeus e nacionais. Isto significa que
por não dispor dos 25% ou 30% que caberiam ao Município perdemos os 70% que
seriam financiados pró Bruxelas. Rasparam de tal forma o fundo do tacho da
dívida à banca e a fornecedores, que agora nem têm acesso a crédito nem a
fundos europeus. Regressámos a 1984, antes da adesão à CEE, isto é, estamos
fora do bolo financeiro da EU.
Não lhes bastou gastarem tudo até ao último tostão, para
ganharem as eleições em 2017 não hesitaram em levar o abuso financeiro ao ponto
de forçar o concelho a ficar excluído dos fundos comunitários. E agora o
problema da presidente da autarquia parece ser dizer que a culpa é das
restrições financeiras, não é dela e do seu antecessor.